(UNICAMP 2011) - Redação 3: Coloque-se na posição de um jornalista que,
com base na leitura do texto abaixo, deverá escrever um editorial, isto é, um artigo
jornalístico opinativo, para um
importante jornal do país, discutindo o crescimento do
e-lixo no Brasil. Seu texto deverá,
necessariamente:
• abordar dois dos problemas relacionados ao crescimento do e-lixo no Brasil levantados pelo texto abaixo;
• abordar dois dos problemas relacionados ao crescimento do e-lixo no Brasil levantados pelo texto abaixo;
e
• apontar uma forma possível de enfrentar esse crescimento.
• apontar uma forma possível de enfrentar esse crescimento.
Atenção: Por se tratar de um editorial, você deverá atribuir
um título ao seu texto. Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de
trechos do texto lido.
Aumento na geração de e-lixo e responsabilidade compartilhada
Quando você descarta um equipamento eletrônico, você está gerando o que
se conhece como “e-lixo”. São materiais tais como pilhas, baterias, celulares,
computadores, televisores, DVD’s, CD’s, rádios, lâmpadas fluorescentes e muitos
outros que, se não tiverem uma destinação adequada, vão parar em aterros comuns
e contaminar o solo e as águas, trazendo danos para o meio ambiente e para a
saúde humana. Com a rápida modernização das tecnologias, os aparelhos tornam-se
ultrapassados em uma velocidade assustadora. Na composição dos equipamentos
eletrônicos existem substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo, cádmio, belírio
e arsênio – altamente perigosos à saúde humana.
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em 22 de fevereiro de 2010
medidas urgentes contra o crescimento exponencial do lixo de origem eletrônica
em países emergentes como o Brasil. O Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) apresentou um relatório que ressalta a urgência de estabelecer
um processo ambicioso e regulado de coleta e gestão adequada do lixo eletrônico
uma vez que a geração desse lixo cresce mundialmente a uma taxa de cerca de 40
milhões de toneladas por ano.
Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E. Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."
Embora ainda tramite no Senado o projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (aprovado pela Câmara dos Deputados em março de 2010 após 19 anos de tramitação), é possível fazer alguns comentários sobre o conjunto de obrigações legais que estruturarão juridicamente, no Brasil, a Logística Reversa (o retorno do equipamento usado para o fabricante ou comerciante), que tem como implicação a Responsabilidade Compartilhada entre os Produtores/Fabricantes, os Comerciantes e Distribuidores, e os Consumidores. Está visto que não adianta a boa vontade dos consumidores se não existir uma infraestrutura de recolha do lixo eletrônico. É essa falta de estrutura que representa o grande entrave na política de gestão prevista na PNRS. Não podemos ignorar que a nossa cultura de gestão de resíduos é "zero". Daí porque o planejamento de política pública é o ponto inicial para qualquer medida que pretenda ser eficaz nessa área.
Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E. Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."
Embora ainda tramite no Senado o projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (aprovado pela Câmara dos Deputados em março de 2010 após 19 anos de tramitação), é possível fazer alguns comentários sobre o conjunto de obrigações legais que estruturarão juridicamente, no Brasil, a Logística Reversa (o retorno do equipamento usado para o fabricante ou comerciante), que tem como implicação a Responsabilidade Compartilhada entre os Produtores/Fabricantes, os Comerciantes e Distribuidores, e os Consumidores. Está visto que não adianta a boa vontade dos consumidores se não existir uma infraestrutura de recolha do lixo eletrônico. É essa falta de estrutura que representa o grande entrave na política de gestão prevista na PNRS. Não podemos ignorar que a nossa cultura de gestão de resíduos é "zero". Daí porque o planejamento de política pública é o ponto inicial para qualquer medida que pretenda ser eficaz nessa área.
Adaptado das seguintes fontes: http://www.e-lixo.org/elixo.html
(acessado em abril de 2010), www.uol.com.br por Juan Palop (publicada em
22.02.2010) e http://lixoeletronico.org por Diogo Guanabara (publicado em
20.04.2010))
EXEMPLO DE EDITORIAL
EXEMPLO DE EDITORIAL
Cuba e os direitos
Dilma Rousseff desembarcou em Cuba no penúltimo dia de janeiro. O Brasil
concedera, dias antes, um visto de entrada para a blogueira cubana dissidente
Yoani Sánchez, que pretendia participar do lançamento, na Bahia, de um
documentário sobre a liberdade de imprensa em Cuba e em Honduras. Contudo, o
gesto brasileiro circunscreveu-se à emissão do visto. A presidente nem sequer
respondeu a uma solicitação da blogueira por um encontro em Havana. O assessor
de política externa Marco Aurélio Garcia afirmou que a obtenção da
indispensável autorização cubana de viagem era “um problema de Yoni”. A
dissidente não obteve a autorização, na sua 19ª tentativa.
A visita de Rousseff coincidiu com a realização de uma aguardada conferência do Partido Comunista Cubano (PCC), que debateu a continuidade das reformas no país. O discurso de Raul Castro perante a conferência dissolveu as parcas expectativas existentes. Castro reafirmou, para surpresa de ninguém, que as reformas não alterariam em nada o sistema unipartidário cubano. Porém, avançando um pouco além, o ditador explicou que o PCC é a representação única da nação cubana, pois outros partidos ou outras correntes políticas seriam, inevitavelmente, expressões dos interesses estrangeiros operando dentro de Cuba.
A visita de Rousseff coincidiu com a realização de uma aguardada conferência do Partido Comunista Cubano (PCC), que debateu a continuidade das reformas no país. O discurso de Raul Castro perante a conferência dissolveu as parcas expectativas existentes. Castro reafirmou, para surpresa de ninguém, que as reformas não alterariam em nada o sistema unipartidário cubano. Porém, avançando um pouco além, o ditador explicou que o PCC é a representação única da nação cubana, pois outros partidos ou outras correntes políticas seriam, inevitavelmente, expressões dos interesses estrangeiros operando dentro de Cuba.
No passado, regime de partido único do “socialismo real” justificavam-se
com o argumento de que outros partidos expressariam os interesses das “elites”
ou da “burguesia”. Afirmar, entretanto, que expressariam interesses
“estrangeiros” é mais grave, pois abre caminho para definir qualquer atitude de
contestação política como ato de guerra ou espionagem. Cuba engaja-se em
reformas econômicas que implicam a demissão de centenas de milhares de funcionários
empregados pelo Estado. Quando o regime recusa autorização de viagem para
Yoani, uma cidadã contra a qual não pesam processos judiciais, está violando o
direito de ir e vir, consagrado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos,
de todos os cubanos. Quando Castro identifica o PCC à nação cubana, está
dizendo que protestos contra as demissões em massa poderão ser classificados
como gestos de traição à pátria. As duas atitudes devem merecer um mesmo
repúdio. (Mundo
- Geografia e Política Internacional. Março/2012)
Leia mais:
Fabricação de cada
computador consome 1.800 quilos de materiais
Você sabe quanto pesa o seu computador? Embora possa não ter o dado
preciso, você poderia fazer uma boa estimava, com uma grande possibilidade de
não errar muito. Mas e quanto pesa todo o material gasto no processo produtivo
que transformou todas as matérias-primas, até fazê-las tomar a forma de
computador?
O dado é impressionante e acaba de ser divulgado
pela Universidade das Nações Unidas. Em um estudo coordenado pelo professor
Ruediger Kuehr, os pesquisadores descobriram que nada menos de 1,8 tonelada de
materiais dos mais diversos tipos são utilizados para se construir um único
computador.
O cálculo foi feito tomando-se como base um
computador de mesa com um monitor CRT de 17 polegadas. Somente em combustíveis
fósseis, o processo de fabricação de um computador consome mais de 10 vezes o
seu próprio peso.
São, por exemplo, 240 quilos de combustíveis
fósseis, 22 quilos de produtos químicos e - talvez o dado mais impressionante -
1.500 quilos de água. O problema é que a fabricação dos chips consome uma enormidade de água. Cada etapa
da produção de um circuito integrado, da pastilha de silício até o
microprocessador propriamente dito, exige lavagens seguidas em água
extremamente pura. Que não sai assim tão pura do processo, obviamente.
O estudo mostra que a fabricação de um computador é
muito mais material- intensiva - em termos de peso - do que a fabricação de
eletrodomésticos da linha branca, como refrigeradores e fogões, e até mesmo do
que a fabricação de automóveis. Esses produtos exigem apenas de 1 a 2 vezes o
seu próprio peso em combustíveis fósseis.
Reciclagem de computadores
Mas esta não é a única razão pela qual os
pesquisadores das Nações Unidas estão preocupados com a reciclagem de
computadores e de todo tipo de equipamento eletrônico. Além do desperdício e do
seu grande potencial poluidor e até mesmo tóxico, o chamado e-lixo, ou lixo
eletrônico, está fazendo um estrago nas cotações dos metais utilizados na
fabricação de componentes e circuitos eletrônicos.
A primeira preocupação é facilmente perceptível. O
simples descarte dos equipamentos eletrônicos tecnicamente
obsoletos representa um desperdício enorme de recursos. "Há mais do que
ouro nessas montanhas de sucata de alta tecnologia," comenta o Dr. Kuehr.
E não é força de expressão: o ouro está mesmo presente nos contatos dos microprocessadores,
das memórias e da maioria dos circuitos integrados.
Metais preciosos nos computadores
Além do ouro, da prata e do paládio, os
computadores contêm cobre, estanho, gálio, índio e mais um família inteira de
metais únicos e indispensáveis e, portanto, de altíssimo valor.
O índio, um subproduto da mineração do zinco, por
exemplo, é essencial na fabricação dos monitores de tela plana, ou LCD, e de
telefones celulares. Ele está presente em mais de 1 bilhão de equipamentos
fabricados todos os anos.
Nos últimos cinco anos, o preço do índio aumentou
seis vezes, tornando-o hoje mais caro do que a prata. E como sua produção
depende da mineração do zinco, não é possível simplesmente produzir mais,
porque não há produção suficiente de zinco. Além do que as reservas minerais
são limitadas.
Graças a isso, alguns esforços de reciclagem do
índio já estão sendo feitos na Bélgica, no Japão e nos Estados Unidos, com
excelentes resultados. O Japão já consegue retirar metade de suas necessidades
anuais do elemento a partir da reciclagem.
E o índio não é o único exemplo. O preço de mercado
de outros metais necessários à indústria eletrônica, mesmo que em pequenas
quantidades, também disparou. Embora o preço do bismuto, utilizado em soldas
sem chumbo, tenha apenas dobrado nos últimos dois anos, o preço do rutênio,
utilizado em resistores e em discos rígidos, foi multiplicado por sete.
Ciclo de reciclagem
"Os grandes picos de preços de todos esses
elemento especiais que dependem da produção de metais como zinco, cobre, chumbo
ou platina, ressaltam que a manutenção da oferta a preços competitivos não
poderá ser garantida indefinidamente a menos que sejam estabelecidos ciclos
eficientes de reciclagem para recuperá-los a partir dos produtos
obsoletos," diz o Dr. Kuehr.
Só que, da mesma maneira que esses elementos são
geralmente subprodutos, aparecendo em quantidades-traço em relação aos metais
principais que a mineração está explorando, eles também aparecem em
quantidades-traço na sucata. E reciclá- los é também uma questão de alta tecnologia,
que exigirá processos de alta tecnologia.
Mas é essencial fazê-lo, diz o relatório da
Universidade das Nações Unidas. O setor de telecomunicações e tecnologia da
informação já responde por 7,7% do produto mundial, segundo dados da OCDE. Só
os equipamentos são responsáveis por algo entre 4% (Estados Unidos) e 7%
(Alemanha), variando conforme a região e o país. É impensável continuar a
desperdiçar recursos dessa magnitude, simplesmente descartando esses bens
obsoletos ou queimando-os e lançando seus gases tóxicos na atmosfera.
Doação de computadores
Os pesquisadores da ONU também detectaram um
problema inédito: uma espécie de "caridade do amigo da onça". Algumas
empresas de má fé, situadas nos países centrais, estão enviando computadores
para os países mais pobres não porque estejam preocupados com a inclusão
digital ou com a melhoria da educação nesses países: elas estão simplesmente se
livrando de forma desonesta e ilegal de equipamentos cujo descarte seria
problemática em seus países e cuja reciclagem é ainda técnica e economicamente
pouco interessante.
Essas empresas inescrupulosas contam com a própria
incapacidade dos países pobre e em desenvolvimento em viabilizarem o uso
imediato dos equipamentos, que acabarão ficando encostados sem que ninguém verifique
sequer se eles realmente funcionam. E os que ainda têm condições de funcionar,
logo deixarão de ter utilidade, graças ao ritmo alucinante da obsolescência
técnica.
Projeto StEP
Para ajudar a organizar esforços mundiais no
sentido de se viabilizar a reciclagem de produtos eletrônicos em larga escala e
em nível mundial, as Nações Unidas lançaram o programa StEP ("Solving the
E-Waste Problem") - resolvendo o problema do e-lixo (lixo eletrônico).
O projeto StEP já conta com o apoio das maiores
empresas fabricantes de equipamentos de informática e telecomunicações do
mundo. Esse esforço conjunto almeja criar padrões mundiais de processos de
reciclagem de sucata eletrônica, aumentar a vida útil dos produtos eletrônicos
e desenvolver mercados para sua reutilização.
As Nações Unidos pretendem ainda dar aos países
elementos que permitam a harmonização das legislações nacionais quanto ao
tratamento das sucatas eletrônicas e a coordenação de esforços públicos e
privados no sentido de re-transformar o lixo eletrônico em riqueza.