terça-feira, 16 de abril de 2013

Proposta de redação - Fábula

 

 

FÁBULAS


 


Ponto de Partida

 


“Leia os dois textos abaixo:

 

a)     Um asno, vítima da fome e da sede, depois de longa caminhada, encontrou um campo de viçoso feno ao lado do qual corria um regato de límpidas águas. Consumido pela fome e pela sede, começou a hesitar, não sabendo se antes comia do feno e depois bebia da água ou se antes saciava a sede e depois aplacava a fome. Assim, perdido na indecisão, morreu de fome e de sede. (Fábula de Buridan, filósofo da Idade Média).

b)     Um indivíduo, colocado diante de dois objetos igualmente desejados, pode ficar de tal forma indeciso que acaba por perder a ambos.

 

Esses dois textos querem dizer basicamente a mesma coisa. No entanto, são estruturados de maneiras diferentes. Qual a diferença existente entre eles?

O primeiro é mais concreto; o segundo, mais abstrato. Mas por quê? O primeiro remete a elementos existentes do mundo natural: asno, campo, feno, regato, águas, etc. O segundo remete a elementos mais abstratos, que explicam certos aspectos da conduta humana: indivíduo, objetos igualmente desejados, indeciso.

Subjacente a esses dois textos há o mesmo esquema narrativo:

 

a)     Um sujeito encontra-se privado de dois objetos e quer conquistar a posse de ambos;

b)     Devendo optar por um deles e sendo igualmente atraído pelos dois, é incapaz de realizar a escolha;

c)     Permanece privado de ambos.”.

 (FIORIN, Platão. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 2007, p.71)

 

A fábula, portanto, é um gênero textual híbrido, transitando entre dois tipos de texto: narrativo e argumentativo. Não se trata, claro, de uma alternância inconsequente entre os tipos textuais, já que há entre eles uma mútua implicação. O mundo representado, coerente em si mesmo (asno, regato e feno), foi mobilizado para cumprir um papel pedagógico: convencer o leitor dos perigos da indecisão. Para atingir essa finalidade pragmática, a narrativa organiza as ações em função de sua exemplaridade. O leitor pode depreender a “lição”, sem mesmo ler a moral, percebendo que o fabulista não se dedica a assunto tão distante de sua realidade sem um objetivo claro em vista. Poder-se-ia dizer que na fábula, a argumentação é feita toda com exemplos de um mundo natural e remoto, em que a naturalidade do comportamento e das ações dos animais ensaia lições morais valiosíssimas.

O que é?

As fábulas são pequenas histórias que transmitem uma lição de moral é uma das mais antigas formas de narrativa. As personagens das fábulas são geralmente animais, que representam tipos humanos, como o egoísta, o ingênuo, o espertalhão, o vaidoso, o mentiroso, etc.

Muitos escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente famosos: o grego Esopo (século VI a.C.), o latino Fedro (15 a.C. - 50 d.C.) e o francês Jean de La Fontaine (1621 - 1695).

No Brasil, Monteiro Lobato (século XX) foi quem as recriou. Millôr Fernandes é um escritor carioca que recriou as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine, de forma satírica e engraçada.

 


Expoentes da arte de fabular

Esopo: um escravo que viveu no século 6º. a.C., na Grécia antiga inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. A estrutura de seus textos fez escola: curtos e bem humorados, linguagem simples, uso de prosopopeias e tópicos ligados à experiência cotidiana. Entre suas célebres fábulas, incluem-se: “A Raposa e as uvas”; “A Lebre e a Tartaruga” e “A Galinha e os ovos de ouro”

 

La Fontaine: O francês Jean de La Fontaine (1621-1695) foi um dos maiores divulgadores dos textos de Esopo. Ele recriava essas fábulas com o objetivo de "educar" o homem de sua época. Conforme suas próprias palavras: "Acho que deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte do que os que usam regras e definições". Entre suas célebres fábula, incluem-se: “A Cigarra e a Formiga”, “O Homem, o Menino e a Mula” e “O Lobo e o Cordeiro”.

 

Curiosidades:

 

·          Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na Suméria. Há registros de fábulas egípcias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo.

·          A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para destacar.

·          A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época.

·          O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização da existência humana confere às histórias um ar de “ordem natural” fixa e imutável, além de aproximar o público das "moralidades”.

Estrutura do Texto

Em geral, a fábula mantém a seguinte estrutura bem fixa:

 

1. Um conteúdo moral como fio condutor do enredo;

2. Situação inicial

3. Conflito

4. Tentativa de Solução

5. Situação final

6. Revelação do conteúdo moral (em geral na sua forma proverbial)

Fábulas

A Águia e a Gralha

 

Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras. 

Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa. 

Ela então voou para alto e tomou impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras. 

Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças. 

O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar. 

À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.

"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles. 

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia." 


Moral da História: Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

 


 

O olho do dono


 

Uma corça, fugindo aos caçadores, escondeu-se num estábulo. E pediu às vacas que não a denunciassem, prometendo-lhes em troca do asilo mil coisas. As vacas mugiram que sim e o fugitivo agachou-se num cantinho.

Vieram à tarde os tratadores, com os feixes de capim e a cana picada. Encheram as manjedouras e saíram.

Veio também, fiscalizar o serviço, o administrador da fazenda. Correu os olhos por tudo e foi-se.

A corça respirou.

- Vejo que este lugar é seguro – disse ela. Os homens entraram e saem sem perceber coisa nenhuma.

Uma vaca, porém, a avisou:

- O perigo, meu caro, é que apareça por aqui o bicho de Cem-Olhos.

- Quê? – exclamou a corça. Há disso?

- Há sim. Chama-se Dono. É um que quando aparece tudo vê, tudo descobre, desde o menor carrapato do nosso lombo até o sal que o tratador nos furta. Se ele vem, amigo, tu estás perdido!

Não demorou muito, surge Cem-Olhos. Vê aranhas no teto e interpela os homens da lida:

- Por que não tiram isso?

Vê um cocho rachado:

- Consertem este cocho.

Vê o chão mal limpo!

- Vassoura, aqui!

E está claro que também viu as pontas do chifre da corça.

- Que história é esta? Chifre de corça entre as vacas?...

Aproximou-se e descobriu o mísero.

- Uma espingarda! – gritou – e era uma vez uma corça

 

Moral: O olho do dono engorda a criação


(Fábulas: Monteiro Lobato)

 

 

O Nascer do Capitalismo (à maneira dos americanos)

 

Um homem tinha uma fazenda perto de um rio. Certo dia o rio começou a subir e ele percebeu que sua fazenda ia ficar submersa. Transferiu toda sua família e todo seu gado e todos seus utensílios e móveis para o alto da montanha mais próxima. Havia, na sua fazenda, exatamente 284 quilômetros de cerca de arame farpado. Era um arame de sete farpas por metro, num total de sete mil farpas por quilômetro e, portanto, toda cerca somava 1.988.000 farpas. O homem arranjou um empregado, que, sem comer nem dormir, colocou em cada uma dessas farpas um pedacinho de carne, uma isca qualquer. Quando terminou, mal teve tempo de subir a montanha. Veio o dilúvio.

Durante noventa e três horas choveu ininterruptamente. Durante noventa e seis horas o rio esteve três metros acima da cerca. Mas logo as águas cederam, e rapidamente o rio voltou ao normal. O homem desceu e examinou a cerca. Encontrou, maravilhado, um peixe pendente de cada farpa, exceto três. Ou seja, um total de 1.987.997 peixes. Havia tainhas, e havia robalos, corvinas, namorados, galos e muitas outras espécies que ele nunca vira.

Cada peixe pesava, em média, duzentas e cinquenta gramas, de modo que o homem tinha um total de 496.099.250 gramas de peixe fresco, ou seja, 496.999 quilos de peixe. Isso tudo, vendido a 200 cruzeiros o quilo, vocês façam a conta e Ah, naturalmente o empregado foi despedido porque colocou mal as iscas nas três farpas que falharam.

 

Moral da História: O operariado deve ter o máximo cuidado com as iscas do Capitalismo.

(Fábulas:  Millôr Fernandes)


Exercícios

 

1.) Compare as duas histórias abaixo:

 

A galinha dos Ovos de Ouro

(Esopo)

 

Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha, que todo dia, sem falta, botava um ovo de ouro.

Supondo que dentro dela deveria haver uma grande quantidade de ouro, eles então a sacrificam para enfim pegar tudo de uma só vez.

Então, para surpresa dos dois, viram que a ave, em nada era diferente das outras galinhas.

Assim, o casal de tolos, desejando enriquecer de uma só vez, acaba por perder o ganho diário que já tinham assegurado.

Moral da História: Quem tudo quer, tudo perde.

 

A galinha dos Ovos de Ouro

 

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Subitamente, em dia inesperado, a galinha pôs um ovo de ouro. Ouro!

Outro dia, outro ovo. Outro ovo de ouro! O homem mal podia dormir:

Esperava todas as manhãs pelo ovo de ouro – clara, gema, gala, tudo de ouro! – que o tiraria da miséria aos poucos, e aos poucos o ia guindando ao milionarismo. O fato, que antigamente poderia passar despercebido, na data de hoje atraia verdadeiras multidões. E não só multidões. Rádio, jornais, televisão, tudo entrevistava o homem, pedindo-lhe impressões, querendo saber detalhes de como acontecera o espantoso acontecimento. E a galinha, também, dando aqui e ali seus shows diante dos jornais, câmeras, microfones.

Certa vez, mesmo num esforço de reportagem, conseguiu pôr um ovo diante da câmera da TV. Porém, o tempo passou e muito antes que o homem conseguisse ficar rico, a galinha deixou de botar ovos de ouro. Desesperado, o homem foi ocultando o fato até que certo dia, não se contendo mais, abriu a galinha para apanhar os ovos que ela tivesse lá dentro. Para sua surpresa, não havia nenhum.

Então o homem – espírito bem moderno – resolveu explorar o nome que lhe ficara do acontecimento e abriu um enorme Galeto, com o sugestivo nome de Aos ovos de ouro. E isso lhe deu muito mais dinheiro do que a galinha propriamente dita.

Moral: Cria galinha e deita-te no ninho.

 

a) Qual o núcleo narrativo comum às duas histórias?

b) As fábulas tradicionais apresentam poucas indicações sobre tempo e espaço, o que confere a elas um caráter atemporal. Na versão de Millôr Fernandes, por outro lado, há pistas que sugerem que a história se passa em tempos atuais. Que pistas seriam essas?

b) As fábulas tradicionais representam comportamentos humanos de forma alegórica, portanto, é perfeitamente verossímil que acontecimentos extraordinários (como o fato de os animais falarem) não despertem no leitor nenhuma estranheza. De que maneira, esta regra foi violada na versão de Millôr Fernandes?

c) Na moral da história de Millôr, há um jogo intertextual com o conhecido provérbio “Cria a fama e deita-te na cama”. Considerando o desfecho da narrativa, é possível afirmar que a versão do escritor se opõe à versão de Esopo? Justificar.

 

2.) UNESP/98)

A MORTE DA TARTARUGA

 

                "O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. "Cuidado, senão você acorda o seu pai". Mas o menino não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.

                Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: - "Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o que faço. Já lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito". O pai examinou a situação e propôs: - "Olha, Henriquinho. Se a tartaruga está morta não adianta mesmo você chorar. Deixa ela aí e vem cá com o pai". O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: - "Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava muito dela. Mas nós vamos fazer pra ela um grande funeral". (Empregou de propósito a palavra difícil). O menininho parou imediatamente de chorar. "Que é funeral?" O pai lhe explicou que era um enterro. "Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastante balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o "Happy-Birth-Day-To-You" pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?" O garotinho estava com outra cara. "Vamos papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela". Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. "Papai, papai, vem cá ela está viva!" O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A tartaruga estava andando de novo normalmente. "Que bom, hein" - disse - "Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!" "Vamos sim, papai" - disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande - "Eu mato ela".

MORAL: O IMPORTANTE NÃO É A MORTE, É O QUE ELA NOS TIRA."

(Fernandes, Millôr. "A morte da Tartaruguinha". ln: Fábulas Fabulosas. 9ª ed., Rio de Janeiro, Nórdica, 1985, pp. 100/101)

 

Depois de ter lido a narrativa da fábula, como você interpreta a "moral" da mesma?

 

Proposta

Escolha um dos provérbios apresentados no final da folha e invente uma fábula em que ele possa ser utilizado como moral da história. Nesta fábula, as personagens deverão ser dois animais.

 

Siga estas orientações:

a)     As personagens da fábula devem ser preferencialmente animais com características humanas. Alguns fabulistas escolhem de preferência animais como personagens porque eles fazem nos lembrar de atitudes humanas. A formiga, por exemplo, é trabalhadeira, organizada; a raposa, esperta; o cão, fiel e, amigo; a cobra, astuta, perigosa; o leão, vaidoso; o cordeiro, ingênuo, inocente.

b)     Caracterize os personagens de forma simples. Para isso, empregue palavras como, por exemplo, astuto, frágil, inteligente, lento, forte, perigoso, feroz, desconfiado, esperto, traiçoeiro, etc.

c)     Lembre-se de que a fábula constitui uma narrativa curta. Se quiser, você pode escrever sua narrativa em forma de diálogo. A linguagem empregada deve, entretanto, estar de acordo com a variedade padrão da sua língua. Seu texto deverá ter 20 linhas no mínimo.

d)     Como nas fábulas o tempo e o lugar são imprecisos, procure iniciar seu texto de forma direta, isto é, com personagens em plena ação. Lembre-se de que sua história deve transmitir um ensinamento ou ensejar uma reflexão sobre um comportamento virtuoso.

e)     No final, escreva, como moral da sua história, um dos provérbios acima. Lembre-se de que o provérbio deve resumir toda a fábula à verdade contida no ditado.

 

 

Extras

 

O "Rap" da cigarra e da formiga :
LA FONTAINE REVISITADO:
O RAP DA CIGARRA E A FORMIGA

Saca essa fábula, bicho,
que vai te deixar cabreiro.
Num depósito de lixo
tinha um bruta formigueiro.
O formigueiro falado,
na verdade não era mixo.
Foi para ficar rimado
que eu falei que era no lixo.
As formigas, ligadonas,
trabalhavam noite e dia.
Ficavam muito doidonas
plugadas nessa mania.
podes crer, não é mentira.
Um dia uma punk louca
que se chamava cigarra
e achava que era uma touca
trabalhar tanto, na marra,
se meteu com a formigada
e falou, pontificando:
- Trabalhar é uma jogada
devagar quase parando.
Coisa careta, uma fria,
bobeira que eu não assumo
e avisou que não curtia
formigueiro de consumo.
As formigas, sem ligar,
responderam na maior:
- Se você não trabalhar,
vai acabar na pior.
A cigarra se mandou
dizendo que era besteira.
Das formigas se afastou
cantando um roque pauleira.
Só voltou quando era inverno.
As formigas, pra esnobar, em vez de
um papo fraterno, foram se bacanear.
Disseram logo as formigas:
- Olha, se quiser guarida
vai pedir pras tuas amigas.
Nós não damos boa vida.
E a cigarra: - Eu tô na minha...
Não vim aqui pedir nada.
Só vim dizer que eu, sozinha,
fiz a Sena acumulada.
Moral: Para alguém ganhar sozinho na Sena acumulada, tem que ser leão. 
Ou então cigarra, bicho. Enfim, bicho, bicho.
JÔ Soares, In: Revista VEJA, 31.10.1990 p. 17

 

Ditados Populares e seu significado:

 

Dito Popular
Valor/Significado
1
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Persistência
2
Quem quer, faz; quem não quer, manda.
Ação
3
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
Justiça/Vingança
4
Santo de casa não faz milagre.
Estrangeirismo
5
Papagaio velho não aprende a falar.
Comodismo/cristalização/descrença na mudança.
6
Costume de casa vai à praça.
Hábito/Vício
7
Nem só de pão vive o homem.
Fé/Inovação
8
Quem não quer ver lobo não lhe vista a pele.
Conduta
9
Quem com os porcos se mistura, farelos come.
Influência
10
Pau que nasce torto nunca se endireita.
Rigidez/Inflexibilidade
11
Diz-me com quem andas que te direi quem és.
Influência
12
Macaco velho não mão em cumbuca.
Prudência/Precaução/Cautela
13
O perigo que corre o pau corre o machado.
Igualdade
14
Quem foi rei nunca perde a majestade.
Experiência/Hábito
15
Panela que muitos mexem, ou sai ensossa ou salgada.
Falta de Unidade de Comando/ Desorganização
16
Quem não arrisca não petisca.
Risco/Ousadia/Ação
17
Quem vai ao vento, perde o assento.
Risco
18
Em boca fechada não entra mosquito.
Discrição ao falar
19
Todos os caminhos levam a Roma.
Escolha
20
Palavra de rei não volta atrás.
Firmeza
21
Casa de ferreiro, espeto de pau.
Incoerência
22
Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
Poder/Destaque
23
Quem não tem cão, caça como gato.
Flexibilidade/Adaptação
24
Mais vale prevenir do que remediar.
Prudência
25
Quem tem boca vai a Roma.
Comunicação/Persistência
26
Deus ajuda a quem cedo madruga.
Ação/Esforço
27
Caititu fora da manada é papa de onça.
União/Sinergia
28
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Subordinação ao poder
29
Faça o que digo, e não o que eu faço.
Incoerência
30
Quando um não quer, dois não brigam.
Permissão/Sensatez/Bom Senso

(fonte: http://penseoamanha.blogspot.com.br/2012/01/30-ditos-populares-e-seus-significados.html, acesso em 01/04/2012)

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