Os
jovens estão bebendo mais e cada vez mais cedo, o que aumenta o risco de boa
parte desta juventude desenvolver o alcoolismo. Esta equação se repete em
praticamente todo o mundo, inclusive no Brasil, apesar de as pesquisas sobre o
tema ainda serem bem escassas por aqui.
O
último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria
Nacional Antidrogas (Senad), revela que o consumo de álcool por adolescentes de
12 a 17 anos já atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% já apresentam
dependência. O estudo foi realizado em 2004 e mostrou que entre jovens de 18 a
24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes. Para se
ter uma ideia de como o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência aumentou,
no levantamento anterior, realizado em 2001, apenas 5% dos adolescentes
pesquisados preenchiam os critérios para dependência do álcool. Segundo recente
estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em comparação com os
países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar no consumo de
álcool entre os adolescentes. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino
médio e incluiu 347.771 meninos e meninas, de 14 a 17 anos, do Brasil, da
Argentina, da Bolívia, do Chile, do Equador, do Peru, do Uruguai, da Colômbia e
do Paraguai. Entre os brasileiros, 48% admitiu consumir álcool.
Os
dados são ainda mais alarmantes, porque o levantamento do Cebrid, que envolveu
estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública, mostrou que a idade
de início do consumo fica em torno dos 12 anos. "E, sabe-se, que o uso
precoce de álcool aumenta o risco de alcoolismo em idade adulta", alerta o
psiquiatra Arthur Guerra, doutor no assunto e fundador do Grupo
Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da Universidade de São Paulo
(Grea-USP). De acordo com dados do livro Sóbrio - Vença a Dependência do Álcool
e Mantenha a Dignidade (Ed. Nova Era), "os jovens que começam a beber
antes dos 15 anos são muito mais propensos a desenvolver dependência alcoólica
do que aqueles que começam a beber aos 21 anos".
TEXTO II
Alcoolismo nunca foi problema exclusivo dos adultos. Pode também
acometer os adolescentes. Hoje, no Brasil, causa grande preocupação o fato de
os jovens começarem a beber cada vez mais cedo e as meninas, a beber tanto ou
mais que os meninos. Pior, ainda, é que certamente parte deles conviverá com a
dependência do álcool no futuro.
Para essa reviravolta em relação ao uso de álcool entre os
adolescentes, que ocorreu bruscamente de uma geração para outra, concorreram
diversos fatores de risco. O primeiro é que o consumo de bebida alcoólica é
aceito e até estimulado pela sociedade. Pais que entram em pânico quando
descobrem que o filho ou a filha fumou maconha ou tomou um comprimido de
ecstasy numa festa, acham normal que eles bebam porque, afinal, todos bebem.
Sem desprezar os fatores genéticos e emocionais que influem no
consumo da bebida – o álcool reduz o nível de ansiedade e algumas pessoas estão
mais propensas a desenvolver alcoolismo –, a pressão do grupo de amigos, o
sentimento de onipotência próprio da juventude, o custo baixo da bebida, a
falta de controle na oferta e consumo dos produtos que contêm álcool, a
ausência de limites sociais colaboram para que o primeiro contato com a bebida
ocorra cada vez mais cedo.
Não é raro o problema começar em casa, com a hesitação paterna
na hora de permitir ou não que o adolescente faça uso do álcool ou com o mau
exemplo que alguns pais dão vangloriando-se de serem capazes de beber uma
garrafa de uísque ou dez cervejas num final de semana.
Não se pode esquecer de que, em qualquer quantidade, o álcool é
uma substância tóxica e que o metabolismo das pessoas mais jovens faz com que
seus efeitos sejam potencializados. Não se pode esquecer também de que ele é
responsável pelo aumento do número de acidentes e atos de violência, muitos
deles fatais, a que se expõem os usuários.
Proibir apenas que os adolescentes bebam não adianta. É preciso
conversar com eles, expor-lhes a preocupação com sua saúde e segurança e deixar
claro que não há acordo possível quanto ao uso e abuso do álcool, dentro ou
fora de casa.
TEXTO III
ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO E
GRAMÁTICA_________________________________
1.
No texto I, a tese defendida pelo autor encontra-se na opção:
a)
O consumo de álcool inicia-se cada vez mais cedo
b)
O consumo de álcool entre os jovens aumentou em três anos.
c)
O consumo de álcool entre os jovens aumenta o risco de dependência
d)
O consumo de álcool aumentou entre os estudantes da Escola
Pública.
2.
O médico Drauzio Varela aponta para a primeira causa de o
consumo de álcool ter aumentado entre os jovens. Transcreva o trecho que
esclarece essa causa.
O primeiro é que o consumo de bebida alcoólica é aceito e até
estimulado pela sociedade.
3.
“Os dados são ainda mais
alarmantes, porque o levantamento do Cebrid, que envolveu estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede
Pública”
A palavra “que” assume um
valor de sentido e função também na alternativa:
a)
Sem
desprezar os fatores genéticos e emocionais que influem no consumo da bebida
b)
Não
se pode esquecer de que, em qualquer quantidade, o álcool é uma substância
tóxica
c)
Proibir
apenas que os adolescentes bebam não adianta
d)
acham
normal que eles bebam
4.
Redija uma frase que esclareça o desenho da
charge, no Texto III.
Pessoal
PRODUÇÃO DE
TEXTO_
Pertencer à
classe social mais alta, estudar em escola pública ou não ter prática religiosa são fatores que
facilitam o contato precoce com o álcool. Outro fator responsável ocorre por
meio da influência de amigos que se embriagam uma vez por semana, servindo de
estímulo crucial para os mais jovens. Assim, discuta as principais causas para essa aproximação perigosa entre a
juventude e o álcool e aponte soluções para esse problema, em uma
dissertação-argumentativa, de 20 a 30 linhas.
Não utilize
os textos de apoio. Crie um título e utilize a norma padrão.

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