Crônica Argumentativa
“O cronista do jornal é como cigano que toda noite arma sua tenda e pela
manhã a desmancha e vai” (Rubem Braga)
Conceituação
A característica mais relevante de uma crônica
é o propósito com que ela é escrita. Seu eixo temático é sempre em torno de uma
realidade social, política ou cultural. Essa mesma realidade é avaliada pelo
autor da crônica e uma opinião é formulada, quase sempre com um tom de protesto
ou de argumentação. Por vezes, assume um tom até mesmo sarcástico, no intento
de criticar ou revelar as mazelas sociais. A crônica argumentativa é aquela na qual o objetivo maior do
cronista é relatar um ponto de vista diferente do que a maioria consegue
enxergar.
Características
ü Apresentação do assunto ou controvérsia a ser
discutida, normalmente, no início do texto;
ü Tratamento subjetivo do tema, deixando perpassar a
sensibilidade e as emoções do cronista;
ü Linguagem criativa e figurada, geralmente de acordo
com o padrão culto informal da língua.
ü A
crônica argumentativa visa a apresentar a opinião do autor, sem
obrigatoriamente buscar convencer o leitor.
ü Exposição de argumentos que fundamentam o ponto de
vista do autor;
ü Conclusão surpreendente, criativa, ou
conclusão-síntese, que retoma as ideias do texto e confirma o ponto de vista
defendido.
Exemplos Ilustrativos
Bullying de gente grande
Não gosto do conceito de bullying e do uso que temos feito dessa
palavra. Eu já disse isso e reafirmo em nossa conversa de hoje.
Por que tenho rejeição em relação ao conceito? Porque ele leva o adulto
a se ausentar das questões que os mais novos enfrentam na convivência com seus
iguais.
É como se nada do comportamento manifestado pelas crianças --nos
conflitos, nas provocações, brigas e desavenças, nos apelidos e nas piadas a
respeito de aparência-- tivesse relação com o mundo adulto.
E mais: é como se elas fossem totalmente responsáveis por tudo o que
fazem. De errado, é claro. O conceito nos permite, portanto, ficar de fora
desses problemas. Talvez por isso mesmo faça tanto sucesso entre nós, adultos.
E o que dizer, então, do uso da palavra? Temos uma especial atração pelo
exagero nessa questão.
Uma criança pequena que é mordida pelo colega na escola, um primo que
zomba do outro que perdeu o jogo, a criança que usa óculos e ganha um apelido
por isso... tudo agora é transformado no tal do bullying.
Bem, mas encontrei um bom uso para essa palavra e esse conceito -e é
disso que vou falar hoje. Trata-se do bullying de adultos contra crianças e
adolescentes.
Outro dia ouvi a mãe de uma menina chamá-la de "anta" e dizer
que ela só fazia coisas erradas.
Ainda ouvi a garota responder, com cara de choro, que não havia feito o
que fizera por querer... Havia errado tentando acertar. Isso é bullying,
concorda leitor?
Uma criança humilhada por alguém contra quem não pode ou não consegue se
defender pode muito bem ser assim entendido.
(...)
Talvez esteja na hora de fazermos um acordo no mundo adulto: o de só
falarmos do bullying entre os mais novos quando controlarmos nosso próprio
comportamento e pararmos com essa história de humilhar, depreciar, excluir,
intimidar e agredir, velada ou escancaradamente, as crianças e os adolescentes.
(Rosely Sayão, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/1240878-bullying-de-gente-grande.shtml,
publicado em 05/03/2013, acesso em 05/03/2013)
O Inferno de Disney
A Disney é um conceito apavorante de infância
organizado em um sistema angustiante de filas
Por doze anos
recusei levar meu filho à Disney. Uma convicção estética inarredável orientava
a minha negação. Nessas férias, porém, uma viagem ao México com escala em Miami
amoleceu meu coração de mãe.
No dia 24 de janeiro
do fatídico ano de 2012, abandonei os maias e a esplendorosa península do
Yucatán para entrar em um avião rumo à Orlando. A temporada de cinco dias na
Flórida foi comparável aos círculos de sofrimento de "A Divina
Comédia", de Dante.
Como Deus ora pelos
inocentes, meu rebento menor, de três, caiu com 39 graus de febre no aeroporto
de Cancún. A milagrosa virose o deixou de molho nas primeiras 72 horas de
aflição na América, enquanto eu e o maior adentrávamos as profundezas da terra
onde os sonhos se tornam realidade.
O Limbo, primeiro
círculo de penitência, se apresentou na forma de montanhas-russas colossais que
comprimem os sentidos a forças G inimagináveis. Deixei meus neurônios serem
prensados contra a parede do crânio em loopings cadenciados, até ser cuspida
tal e qual um zumbi agastado, tomado por abobamento crônico.
As máquinas
medievais de martírio causam náusea, vômito e enxaqueca.
Para os que preferem
sofrer ao rés do chão, simuladores provocam a mesma sensação de abismo sem
saírem do lugar em que estão.
Na sétima hora do
dia, enquanto era sugada, no lugar da chupeta, por uma Maggie Simpson
descomunal, eu já não falava e nem me mexia. Caí dura no resort de golfe,
"wonder land" da terceira idade muito frequente na região.
A Flórida é o último
refúgio dos que viveram até a aposentadoria.
Abri o olho e
reneguei assistir a tormenta das baleias cativas nos tanques do Sea World.
Atrás de motivos para ser castigada, fui arrastada às compras por um furacão
chamado luxúria.
Usufruímos o céu
nublado da Universal da tarde seguinte. O ar de quermesse do parque vazio, o
clima ameno e o Harry Potter nos fizeram crer na alegria infantil dos
americanos. Driblamos bem a comida intragável, servida em porções individuais
que alimentariam tribos inteiras. O jejum é dádiva quando se encara as aves
inchadas a hormônio e o teor transgênico das lanchonetes. Orlando é a cidade campeã
da obesidade mórbida; o Lago de Lama dos que sucumbiram à gula.
A última alvorada
foi dedicada à Disney. O sol brilhou no sábado de inverno, atraindo a multidão
bíblica que lotou os milhões de metros quadrados de hotéis, zoológicos e
parques temáticos; interligados por rodovias, hidrovias e ferrovias futuristas.
A Disney é um
conceito apavorante de infância organizado em um sistema angustiante de filas.
É o ante-inferno dos indecisos que aguardam em caracóis indianos uma satisfação
que nunca chega.
Você anseia para ter
o direito de aguardar em pé, agarrada à democrática senha que só amplia a
espera. A jornada se esvai em uma azucrinante administração de tickets. A
condenação à eterna expectativa seria até suportável, não fosse o suplício
sonoro.
Como vespas a picar
os tímpanos, a voz aguda das musiquinhas enjoadas, os "cling",
"cleng", "glom" das engenhocas de ferro e a proliferação de
musicais da Broadway, encabeçados pelo grande show do castelo da Cinderela, são
de perder a razão. E mesmo durante o safari, única esperança de silêncio
ecológico, o timbre de buzina da guia aspirante à atriz vinha pinçar os nervos.
A comparação entre a
delicadeza do Caribe mexicano e a artificialidade embalada em plástico de
Orlando foi um choque e tanto.
Antes de partir, visitei
o paraíso. Um pântano na zona rural povoado por crocodilos, peixes e pássaros
semelhante ao gigantesco charco que Walt Disney adquiriu há décadas atrás.
Em paz, no meio da
lagoa virgem, me perguntei o porquê da zona urbana daquele lugar manifestar um
prazer masoquista tão arraigado.
Talvez seja culpa
pelo excesso de ofertas nos supermercados, pela invenção do papel higiênico
felpudo, do "super size" tudo, dos veículos alcoólatras e das cidades
sem pedestres. A insustentável fartura social se penitencia tomando sustos em
trem fantasmas mirabolantes.
Não é diversão, é
dívida cristã. A Disney nasceu na Idade Média.
(Fernanda Torres, Folha de S. Paulo, 17/02/2012)
Proposta de Redação
Alunos da USP ficam pelados em trote para hostilizar feministas em São
Carlos
William Maia
Do UOL, em São Paulo
Um trote organizado
por veteranos da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos terminou em
baixaria na tarde da última terça-feira (26). Alguns alunos chegaram a ficar
pelados e fizeram gestos obscenos para hostilizar um grupo de feministas que
protestava contra o "Miss Bixete", espécie de concurso de beleza a
que as calouras são submetidas.
As estudantes,
membros da Frente Feminista de São Carlos, reclamam da forma como as novatas
são tratadas. Segundo elas, os veteranos obrigam as calouras a desfilar e
mostrar os seios. Haveria também uma prova em que as estudantes competem para
ver quem chupa primeiro um picolé, simulando sexo oral.
"É uma
exposição absurda das meninas. Por mais que elas não sejam obrigadas
fisicamente a participar, há uma grande pressão dos veteranos, e das veteranas
também, para que elas façam aquelas coisas", afirmou a estudante Loiane
Vilefort, integrante do movimento, que tentou convencer as calouras a não
participar do trote.
Apesar de ocorrer
dentro da sede do Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira), o evento
é organizado por um grupo autônomo de alunos que se autodenomina GAP (Grupo de
Apoio à Putaria), que realiza festas e outros eventos estudantis.
O estudante Rafael
Serres, presidente do Caaso, disse ao UOL que a direção do centro
acadêmico não apoia o "Miss Bixete" por considerá-lo um ato de
"machismo e preconceito". "Inclusive, desde o ano passado nós
organizamos um trote paralelo, pacífico, justamente para que as pessoas não
participem do Miss Bixete", disse.
Por meio de nota, a
direção da USP São Carlos afirmou que é "veementemente contra qualquer
ação que cause constrangimento" e que abrirá procedimento administrativo para
identificar os envolvidos.
Post muito bom, estava procurando uma proposta e explicação clara sobre a crônica. Estou me preparando para o vestibular da Unicamp e tento ver um pouco de cada gênero. Aceito dicas (cn-gustavo@hotmail.com)
ResponderExcluirOlá Gustavo,
ExcluirObrigada! Logo enviarei algumas dicas para o seu e-mail!
Abraços!
Olá, também estou me preparando para o vestibular da Unicamp! Será que poderia enviar essas dicas para o meu e-mail também? bia_bgpb@hotmail.com
ExcluirObrigada!
Assim que tiver um tempinho enviarei as dicas a vc e ao Gustavo. Obrigada pela visita!
ExcluirOla esse trabalho que eu to fazendo um trabalho de redação ela dava pedindo que eu copiava sobre cronicas arqumentativa e faze uma proposta mais essa proposta que ta ai ela mi a judou muitooooo
ResponderExcluir