quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mais uma dica de possível tema para o ENEM: Planeta Terra: 7 bilhões de pessoas?






Muitos têm se perguntado se o mundo está preparado para abarcar 7 bilhões de habitantes. Quanto a essa questão os especialistas são unânimes, ao afirmar que a única solução para nossos herdeiros chegarem ao final do século XXI a bordo de um planeta minimamente saudável reside na combinação de educação, uso inteligente de nossas riquezas e planejamento. Afinal, algumas estimativas apontam que o número de habitantes em 2100 chegue a impressionantes 15 bilhões. - por Luojie (CHINA)


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PROPOSTA

Em 31/10/2011, nasceu na Índia, em uma família  muito pobre, o sétimo bilionésimo habitante do planeta Terra. Em 1999, na Bósnia, em Visoko, em uma pequena  cidade próxima da capital, nascia outro menino, Adnan  Nevic, o sexto bilionésimo habitante de nosso planeta,  que veio ao mundo entre os escombros provocados pela  Guerra da Bósnia. Portanto, o nascimento de ambos está  separado por 12 anos, exatos um bilhão de habitantes.
Para a  data, os demógrafos do  Population  Reference Bureau, em Washington, previram que o  nascimento da criança aconteceria na Índia porque o país  possui o maior número de nascimentos do planeta por ano: 27 milhões de pessoas.
A criança terá sido recebida pelas dificuldades de  um país onde se sobrevive com menos de 2 dólares por  dia e a água é a maior fonte de doenças e morte.
Como estar preparado para um mundo de 7  bilhões de pessoas? O espectro de Malthus ronda outra  vez a humanidade?


Vamos aos textos: 

Interessantíssimos por sinal!


TEXTO 1

Para quem acredita em projeções demográficas, nasce amanhã o heptabilionésimo habitante da Terra.
Notícias como essa nos fazem pensar em escassez, o que mobiliza o circuito cerebral do medo, provocando uma enxurrada de previsões catastrofistas sobre o futuro do planeta. Thomas Malthus é o mais célebre dos profetas cujos vaticínios nunca se realizaram, mas de maneira alguma o único.

É claro que mais gente significa mais pressão sobre o ambiente, mas daí não decorre que limitar o número de nascimentos seja a melhor forma de lidar com o problema. Há uma corrente de economistas, encabeçada por Julian Simon, que sustenta que quanto mais pessoas no planeta, melhor. A tese é polêmica e contraintuitiva, mas vem acompanhada de argumentos ponderáveis. Ao longo dos últimos  dois séculos, a população da Terra disparou e, com ela, o nível de prosperidade. Nunca antes na história, o homem viveu e consumiu tanto. Mesmo assim, os produtos, medidos em horas-trabalho, nunca foram tão baratos. A razão para isso é que, com o saber e a tecnologia acumulados, fazemos muito mais com bem menos.

Para Simon, o que gera a riqueza, em última análise, são ideias. A imaginação humana, diz, é o recurso final e inexaurível. Um item como o cobre até pode acabar. Mas, à medida que ele escasseia, seu preço aumenta, o que leva indivíduos inventivos a desenvolver alternativas. Mais gente no planeta não só aumenta a probabilidade de surgirem novas ideias como ainda cria o mercado de consumidores que faz com que as invenções se paguem. Há outros benefícios, como garantir a viabilidade de sistemas previdenciários. Se o problema é o aquecimento global, faz mais sentido criar uma taxa sobre o carbono e esperar as soluções do que limitar a reprodução. Mesmo que não compremos as teses de Simon pelo valor de face, elas tiveram o mérito de exorcizar os fantasmas neomalthusianos do debate.SCHWARTSMAN, Hélio. Quanto mais gente, melhor.  Folha de S.Paulo. Opinião, 30 out. 2011.


TEXTO 2

Na verdade, o espectro de Malthus não foi exorcizado  – ao contrário, longe disso. O aumento de know-how não só permitiu obter mais saídas para as mesmas entradas, mas também melhorou nossa capacidade de vasculhar a Terra em busca de mais entradas. Essa primeira revolução industrial começou com a utilização de combustíveis fósseis, particularmente o carvão, através das máquinas a vapor de Watt.

A humanidade estava presa a depósitos geológicos de energia solar primordial, armazenada na forma de carvão, petróleo e gás para atender suas necessidades modernas. Aprendemos a escavar minerais em locais mais profundos, pescar com redes maiores, mudar o curso de rios para formar canais e represas, nos apoderar de mais hábitats de outras espécies e derrubar florestas  com ferramentas mais poderosas para limpar grandes áreas. Inúmeras vezes, não conseguimos mais por menos, mas ao contrário sempre, mais por mais, convertendo ricas histórias de capital natural em altos fluxos de consumo atual.

Boa parte do que chamamos de “lucro” – no sentido lato do valor agregado à atividade econômica – é na verdade uma redução ou uma perda do capital natural. E embora o planejamento familiar e os métodos contraceptivos tenham de fato assegurado um baixo índice de fertilidade em muitas partes do mundo, a taxa de fertilidade geral permanece em 2,6, muito acima da taxa de substituição. A África subsaariana  – região mais pobre do mundo – ainda tem uma taxa geral de fertilidade de 5,1 filhos por mulher, e a população global continua a crescer a uma taxa de cerca de 79 milhões por ano, com o maior aumento nos locais mais pobres. De acordo com previsões de fertilidade média da Divisão de População das Nações Unidas, estamos em vias de atingir 9,2 bilhões de pessoas na metade do século.

Se de fato continuarmos a consumir uma quantidade desmedida de petróleo e tivermos falta de alimentos, se reduzirmos as reservas fósseis de água do subsolo e destruirmos as florestas restantes e devastarmos os oceanos e enchermos a atmosfera com gases do efeito estufa, o que pode provocar descontrole no clima da Terra, com elevação do nível dos oceanos, poderemos estar confirmando a maldição de Malthus, embora tudo isso possa ser evitado. A ideia que knowhow aprimorado e redução voluntária de fertilidade possam sustentar um crescente nível de ganhos para o mundo parece correta, mas somente se futuras tecnologias nos permitirem economizar o capital natural e não apenas encontrar maneiras mais inteligentes de reduzi-lo, de forma mais barata e rápida.

Nas próximas décadas, teremos que migrar para energia solar e energia nuclear segura, uma vez que ambas fornecem, em princípio, energia limpa  – se compararmos com a energia atual  – adequadamente vinculadas a tecnologias aprimoradas e controles sociais.

O know-how terá de ser aplicado a automóveis com alto rendimento (alta quilometragem por litro), agricultura com reaproveitamento da água e edifícios verdes que reduzam fortemente o consumo de energia. Teremos de repensar as dietas modernas e os projetos urbanos para conseguir estilos de vida mais saudáveis que também rejeitem padrões de consumo intensivo de energia. E teremos de ajudar a África e outras regiões a acelerar a transição demográfica para níveis de fertilidade de substituição, a fim de estabilizar a população global em torno de 8 bilhões.

Não há nada, num cenário sustentável como esse, que viole as restrições de recursos ou disponibilidade de energia da Terra. No entanto, ainda não estamos seguindo essa trajetória sustentável, e os sinais do mercado atual não estão  nos conduzindo por esse caminho. Precisamos de novas políticas para movimentar o mercado de forma sustentável – por exemplo, taxando o carbono para reduzir emissões de gases do efeito estufa –e para promover progressos tecnológicos em economia de recursos e não em mineração de recursos. Precisamos de novas políticas que reconheçam a importância de uma estratégia de crescimento sustentável e mobilização global para consegui-la.
Será que Malthus foi derrotado? Depois de dois séculos, realmente ainda ninguém sabe.

SACHS, Jeffrey. A volta do espectro de Malthus.  Scientific American – Brasil. Duetto. Edição 77, out. 2008.


TEXTO 3


Um menino pobre que deve nascer em outubro, em Uttar Pradesh, na Índia, imprimirá um novo marco na história: será o sétimo bilionésimo habitante do planeta. O expresso Terra está lotado, mas é preciso dar  “mais um passinho à frente” para acomodar 9 bilhões  em 2030.

Como vamos fazer isso?

O país é o sétimo mais densamente povoado do mundo e um dos mais ameaçados pelas mudanças climáticas: em um território de 144 mil km2 (equivalente ao do estado do Amapá) vivem 164 milhões de pessoas.Se o gênio da lâmpada de Aladim aparecesse para o economista carioca Sérgio Besserman Vianna, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro, e concedesse a realização de um desejo em prol da sustentabilidade do planeta – um apenas –, o pedido seria o seguinte: “Acesso à informação e ao conhecimento sobre planejamento familiar para mulheres. Não há nada mais capaz de mudar o mundo do que a consciência das mulheres sobre o número de filhos que desejam criar”.

Não por acaso, uma mudança global será deflagrada por um filho que deverá nascer em 31 de outubro de 2011, na Índia. Nesse dia, os demógrafos do Population Reference Bureau, em Washington, projetam a chegada de um menino especial, filho de uma família pobre do Estado de Uttar Pradesh: o sétimo bilionésimo habitante do planeta. Todas as estatísticas convergem: o país tem o maior número de nascimentos no mundo – 27 milhões por ano –, a zona rural de Uttar Pradesh é o seu motor demográfico e a incidência natural de nascimentos por sexo, na região, favorece os meninos. Em 2018, a Índia deterá o controvertido título de país mais populoso do mundo, à frente da China.

Não haverá uma estrela guia no céu para anunciar a importância simbólica desse nascimento. A ultrapassagem do limiar de 7 bilhões vem sendo aguardada com expectativa por todos os demógrafos que já leram as previsões de Thomas Malthus (1766-1834), o economista britânico que, no fim do século XVIII, advertiu que o crescimento exponencial da população mundial não poderia ser sustentado pelo crescimento aritmético da produção de alimentos  – lançando a ameaça de uma grande crise de abastecimento à frente.
Graças a Malthus, a economia ganhou a alcunha de  “ciência lúgubre” (dismal science) e o público logo se acostumou com previsões furadas. O genial Malthus errou feio ao subestimar o poder da inovação tecnológica que expandiu a produção de maneira inimaginável. Mas acertou ao sugerir que o mundo não é elástico.

O planeta não dispõe de recursos infinitos para sustentar um crescimento ilimitado. Jogar essa carga de insustentabilidade nas costas da inventividade humana também é arriscado, sobretudo quando a população aumenta 80 milhões a cada ano.

A noção de limite sugerida por Malthus  – ou “capacidade de suporte”, em linguagem moderna – levou outro economista britânico, Kenneth Boulding (1910-1993), 100 anos depois, a comparar a Terra não a um trem, mas a  “uma  astronave com recursos limitados, rodando em torno do Sol”, e a ironizar:  “Quem acredita que o crescimento exponencial pode durar para sempre num mundo finito é louco ou economista”.


ARNT, Ricardo. 7 bilhões: expresso Terra lotado Revista Planeta <www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/465/artigo221013-6.htm>.


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