Leia com atenção os trechos a seguir:
TRECHO 01
O Brasil deixa, aos poucos, de ser um
país de jovens. Pode-se afirmar que os velhos constituem, mais do que uma
simples faixa etária, uma verdadeira “categoria social” da população,
profundamente estigmatizada, por oposição à categoria dos “jovens”. Tudo contribui
para que se destrua no idoso a expectativa de inclusão social, no sentido de
que a sociedade reserve par ele, dentro de parâmetros reais, um papel adequado,
única forma para que esta deixe de exigir-lhe um comportamento decalcado nos
mais jovens, inclusive na linguagem.
(PRETI, Dino. A LINGUAGEM DOS IDOSOS. São
Paulo : Contexto, 1991. P. 22-23. [TEXTO ADAPTADO])
TRECHO 02
Eles estão por aí, vagando pelas
grandes cidades, catando a sobrevivência nas portas de restaurantes ou nas
latas de lixo. Dormem sobre o papelão. Esmolam nas portas das igrejas. De tão
presentes no cotidiano, nem são mais notados. São os velhos de rua, jogados ao
relento por famílias que os rejeitam ou pela ausência delas, pelo mercado de
trabalho, onde não têm mais vez, pela degradação da idade e da solidão, que
traz doenças como a demência e o alcoolismo. São brasileiros quase invisíveis:
nunca se procedeu a uma contagem oficial e específica de quantos sejam.
(JORNAL DO BRASIL. RIO DE JANEIRO, 4 JUN.
2000. P. 4. [TEXTO ADAPTADO])
TRECHO 03
Deitada na calçada, Dona Belarmina, 71
anos, parece até serena, quase adormecida embaixo do cobertor quadriculado, a
cabeça apoiada em pedaços dobrados de papelão, que lhe servem também de
colchão. Ainda é cedo, oito da noite, e o movimento de carros e pessoas é
intenso. Ninguém presta atenção.
“Já perdi tudo, até a vergonha”, diz, a
voz quase inaudível. Perdeu a família, que lhe virou as costas quando se tornou
um peso difícil de sustentar. Perdeu as condições de trabalhar – “Eu era uma
mulher trabalhadeira.” Perdeu o interesse pela vida. Não sabe quem é o
presidente da República, nem o governador, nem o prefeito. “E eles sabem que eu
existo? Ninguém sabe nem que estou viva!”
(JORNAL DO BRASIL. RIO DE JANEIRO, 4 JUN.
2000. P. 4. [TEXTO ADAPTADO])
REDIJA um texto dissertativo sobre o processo
discriminatório por que passam os idosos.
Para tanto,
relacione as idéias dos TRECHOS 1 e 2 e o depoimento do TRECHO 3, utilizando-os
como material de reflexão para seu próprio texto, sem, contudo, transcrever
fragmentos dos trechos lidos.