Gênero
textual – relato pessoal
Modalidade
de texto NARRATIVO, no qual você relata fatos vivenciados por alguém.
O relato
pode ser:
· Verbal – quando é falado ou narrado
oralmente.
· Escrito – quando você conta os fatos
por escrito – que é o caso das redações nos vestibulares.
4 – Relato - Gêneros narrativos
- Há muitas formas de narrar: da ancestralidade do folclore e das
narrativas orais até o dinamismo e a velocidade dos textos produzidos em função
do advento da internet. Além disso, há também histórias narradas a partir de
fatos e acontecimentos verídicos ou associados a experiências reais ou aquelas
que são produto da imaginação criativa e da invenção despreocupadas.
Veja abaixo, separadamente, todas as formas de narrar construídas ao
longo do tempo.
Elementos da narrativa
- Além da temporalidade, devem ser destacados os elementos que as compõe e
a estrutura a qual esse gênero textual deve respeitar.
São elementos da narrativa:
·
o enredo;
·
os personagens;
·
o narrador;
·
o espaço;
·
o tempo.
Eles são fundamentais para se tecer o sequenciamento de eventos, o
desenvolvimento de ações e a participação dos personagens, como no
imprescindíveis para se constituir um texto narrativo.
O enredo é o encadeamento de episódios que constrói a
narrativa, ou mesmo a forma de fazê-lo, com o objetivo de possibilitar
geralmente o desenvolvimento de um conflito que será a razão de existência de
uma narrativa. O conflito pode ocorrer entre pessoas, como no caso do romance
“Poderoso Chefão”, de Mario Puzzo; entre os rigores da natureza e o homem, que
é muito bem ilustrado em “Vidas secas” de Graciliano Ramos; entre o Estado e o
cidadão, como no caso da obra “O processo” de Franz Kafka; entre a pessoa e seu
íntimo, como em muitas narrativas de Clarice Lispector; etc. O enredo pode ser
linear quando se respeita a ideia de passagem mais cronológica ou mesmo física
do tempo, como são os casos de grande parte dos filmes, em especial anteriores
a década de 1970, e da Literatura anterior ao século XIX; ou pode ser
não-linear como caso de narrativas de filmes em que digressões temporais,
arranjos não cronológicos dos eventos da narrativa, inversão da estrutura
narrativa, etc., são responsáveis por emprestar uma sensação não natural ou
cronológica no tempo interior à narrativa.
O espaço ou ambiente é o local onde se passa a
narrativa, por isso pode ser descrito de forma detalhada ou displicente de
acordo com as intenções do autor.
O espaço pode ser:
· Físico, quando
ele é real e concebível de acordo com a experiência humana partilhada, desde
que hajam informações que permitam reconstruções fidedignas desses ambientes,
como local em que se passará uma narrativa;
·
Psicológico, quando é produto da criatividade
parcial ou totalmente desconectada do que é entendido como realidade pela
maioria das pessoas, é, portanto, um espaço de fantasia, de absoluta ficção e
não reconhecível pela experiência sensorial das pessoas.
O tempo é outro elemento crucial em narrativas, até
mesmo pelo tipo de temporalidade imprescindível para esse tipo de texto. Pode
ser usado como forma de denunciar transformações no espaço da narrativa ou nos
personagens, como mecanismo de controle ou mesmo facilitador do entendimento a
respeito da ordem em que os episódios ocorrem na narrativa.
Pode ser grosseiramente, quanto a sua abordagem, dividido em dois tipos:
· tempo cronológico: aquele que pode ser
medido, mensurado e percebido em acordo com a percepção média das pessoas a
respeito de sua passagem;
·
tempo psicológico: quando
admite-se a interferência de ponto de vista particular na construção ou mesmo
na percepção da passagem do tempo, o que faz com que uma narrativa longa possa
compreender um recorte temporal de um dia ou menos; ou ainda de não ser
possível precisar ou quantificar o tempo passado ao longo da história.
Os personagens são os responsáveis pela existência do
enredo, pois é nas relações entre eles que o conflito, o drama ou a trama é
desenvolvido num espaço e num tempo em que se enredam histórias contadas por um
narrador, que é o responsável por trazer à vida.
Personagens podem ser descritos de forma detalhada e criteriosa, já no
início da narrativa ou podem ser descobertos ao longo do texto muito mais pelas
suas ações e pela forma como são vistos por outros personagens do que por uma
descrição do autor. Personagens, também podem, quanto à relevância e a
função ocupada em uma história, ser protagonistas, antagonistas ou
coadjuvantes. Essa classificação, tradicionalmente, constrói-se sob dois
aspectos: o maniqueísmo e a importância. Assim o protagonista ou o herói seria
a representação do bem na narrativa, e o mal seria representado pelo
antagonista ou vilão, ambos tratados como os personagens mais importantes dela.
Desse modo, são definidos os coadjuvantes ou personagens secundários como
aqueles de importância variada numa narrativa, mas de relevância sempre menor
do que os que a protagonizam. Personagens podem ainda ser vistos como
planos quando nada ou pouco mudam ao longo de uma narrativa ou redondas quando
sofrem alterações significativas na sua forma de proceder, ser ou pensar ao
longo da história.
· O foco
narrativo pode ser compreendido de forma simples e didática, como uma
perspectiva assumida pelo narrador para apreciar, acompanhar, descrever, enfim,
narrar. Uma história pode ser contada em primeira pessoa do discurso, o
que confere ao narrador o papel também de personagem do relato que conta. Dessa
forma, como protagonista ou coadjuvante da história; na qual ele está
envolvido, narra sob uma perspectiva algo privilegiada, que é a de contar uma
história da qual fez parte.
Por outro lado, uma narração pode ser feita em terceira pessoa do
discurso, quando o narrador assume uma perspectiva de quem não participa da
história. O narrador em terceira pessoa pode ser observador ou onipresente,
quando narra uma história de acordo com as limitações humanas, ou seja, sem
aparentar conhecimento sobre o futuro ou mesmo sobre o passado dos personagens,
sem narrar eventos simultaneamente e sem conhecimento sobre as sensações,
sentimentos e pensamentos íntimos dos personagens. Esse foco narrativo é mais
comum em narrativas centradas na ação e no suspense, sendo assim um tipo de
narrador muito frequente em histórias policiais, de guerra e de terror. Além
dessa perspectiva, o narrador pode também ser onisciente quando aborda
uma história, também sob a premissa da onipresença, pois tem um controle sobre
o que narra digno de ser muito superior às capacidades humanas, visto que as
supera em função de que não tem as - já descritas - limitações dela, por isso
narra o que acontece em locais diferentes de forma simultânea, o que se passa
no íntimo dos personagens e sobre o passado e o futuro deles.
Estrutura da narrativa - quanto à estrutura de textos
narrativos, pode-se dizer que a maioria das narrações se organiza em torno de
uma apresentação, em que um equilíbrio de forças é sugerido ou
mostrado, personagens são apresentados e referências espaço-temporais são
marcadas.
O desenvolvimento é a parte em que o conflito narrativo
é estabelecido e desenvolve-se com o objetivo de ser solucionado - em tese - da
forma mais interessante e imprevista possível.
O clímax é o momento mais intenso e crítico da
narrativa, dele deriva a solução para o conflito desenvolvido, embora não se
possa esperar apenas resultados positivos desse processo, porque o equilíbrio
alcançado posteriormente pode ser muito diferente daquele informado ou sugerido
na introdução. A última parte convencionalmente de uma narrativa é a conclusão
ou desfecho, em que se apresenta a solução para o conflito criado pelas
ações dos personagens, o que restabelece, portanto, o equilíbrio na narrativa.
É Importante informar que partes de uma narrativa podem ser suprimidas
como a conclusão ou a introdução ou a ordem delas pode ser modificada, como
ocorre em muitas produções da atualidade no cinema e na literatura.
Relato - segundo o dicionário Houaiss, o termo RELATAR refere-se
à exposição oral ou escrita de um fato ou mesmo narrar, expor, referir.
Assim, percebe-se que a tipologia textual narrativa que é o principal mecanismo
construtor do gênero textual relato, no qual se informa o leitor sobre alguma
experiência de vida do escritor ou sobre algum acontecimento que ele tenha
presenciado ou sabido. Diante disso, o relatar deve ser situado no tempo e no
espaço.
O relato é um gênero textual em que se conta um fato que ocorreu com o
narrador ou com outra pessoa circunscrito a um intervalo específico e
determinado de tempo, ainda que possa haver, embora incomuns, relatos
construídos a partir de motes ficcionais. Também é comumente escrito com
reflexões acerca das experiências vividas ou vivenciadas. Em outras palavras,
geralmente, tais relatos devem nos servir para refletir sobre acontecimentos da
vida e sobre o que aprendemos ao vivê-los.
Um relato tem como características principais:
a.
Contextualização inicial do relato, identificando tema, espaço e
período;
b. Identificação do
relator como sujeito das ações relatadas e experiências vivenciadas, ou seja, o
narrador deve ser personagem, o que deve ser confirmado pela proposição geral
da proposta de redação;
c. O discurso indireto é
a única possibilidade de comunicação das falas dos personagens do relato. O discurso direto
será penalizado.
d. É importante reforçar
o uso de tempos verbais predominantemente no passado e com expressões
temporais, como “Naquela manhã”, “Depois”, “Em seguida”, etc.;
e. Linguagem informal é
mais comum, ainda que isso dependa das orientações da banca sobre como proceder na
confecção do texto.
Agora veja alguns exemplos:
Texto 01.
João Carlos Martins herdou a paixão pela música de seu pai José, que
teve seus estudos de piano interrompidos ainda na infância, quando perdeu um
dos dedos da mão direita em uma máquina de corte, na gráfica onde
trabalhava.
A paixão pela música, no entanto, seria passada para a próxima
geração e o acidente ocorrido com sua mão foi o primeiro de uma série que iria
marcar a história da família.
Em 1940 nasceu João Carlos Martins, 4º filho de José, que logo se tornou
amante da música, assim como seu irmão, José Eduardo. Desde as primeiras aulas
de piano João já demonstrava grande talento, e aos 8 anos venceu seu primeiro
concurso tocando obras de Bach.
João se tornou o maior intérprete mundial de Bach, mas teve vários
incidentes ao longo da vida envolvendo suas mãos, que hoje estão atrofiadas.
Aos 63 anos João iniciou uma nova carreira, como regente e mais uma vez
surpreendeu a todos com sua dedicação. Hoje com 69 anos, ele se sente
agradecido por ser brasileiro e poder continuar levando a música às todas as
camadas sociais, provando que ‘A música venceu’.”
Fonte: http://viveravida.globo.com/platb/portal-da-superacao/
Texto 02.
A reta final
Quando chegou meu primeiro dia de ir para escola estava muito ansiosa
pensando o que iria encontrar pela frente. Crianças, iguais a mim, meus futuros
amigos, professores, obstáculos e uma grande insegurança, pois estava deixando
o aconchego da minha casa para compartilhar parte do meu dia com pessoas
estranhas e diferentes.
Desde que iniciei na escola até hoje sempre gostei de estudar, aprender,
trocar ideias acho que sempre temos algo á aprender e á ensinar. Pensava em dar
continuidade aos estudos, em cursar nível superior, mas sem muitas condições
financeiras, acabei adiando este sonho como tantas outras pessoas que lutam para
ingressar em uma faculdade, mas se limita a isso, apesar de minha família
sempre me incentivar a estudar.
No ensino fundamental estudei em três escolas e no ensino médio em duas,
apesar dos obstáculos que encontrei, como a mudança de uma escola para outra, a
conquista de novas amizades e novos professores, nunca desisti, procurava me
esforçar e conseguir terminar no mínimo o segundo grau. Foi o que fiz.
Passados alguns anos, depois de fazer alguns cursos, fui incentivada
pelo meu namorado a prestar o vestibular, me inscrevi já com orgulho de mim
mesma, pela coragem de encarar mais este obstáculo. Não imaginava que iria
passar devido aos vários anos longe da escola. Além disso, surgia à dúvida
entre qual curso eu escolheria. Fiz minha inscrição e decidi fazer Pedagogia,
para minha surpresa passei em 1ª chamada, fiz minha matrícula e ingressei no
curso.
Durante a minha caminhada tive algumas dúvidas se era realmente este
caminho que gostaria de seguir, pensava: Vou ser professora, será que é isso
que realmente quero... Ficava um pouco confusa, pois além da dúvida, havia as
pessoas que criticavam as minhas escolhas, dizendo: Tu vai ser professora para
ganhar uma miséria? Tranquei minha matrícula por dois anos, pensei, repensei e
pensei de novo. Quando surgiram algumas especializações na área, decidi voltar,
pois haveria mais opções de escolha dentro da área de Pedagogia e não somente
dar aula. Se não me saísse bem na sala de aula, teria outras opções.
Hoje estou a um passo de concluir meu curso e sinto muito orgulho quando
as pessoas perguntam quando vou me formar e posso responder: “Me formo ano que
vem...”. Achava que este dia não iria chegar tão cedo. Imagino o dia da minha
formatura, que as pessoas que eu amo estarão lá me assistindo, penso nos amigos
torcendo por mim, pela minha conquista. Imagino a música tocando no momento que
chamarem meu nome. Quero que este dia seja inesquecível, pois tenho certeza que
naquele momento as pessoas próximas vão lembrar do quanto custou minha
caminhada até realizar este sonho, as desilusões, as perdas e ganhos, as
decepções até conseguir chegar aonde cheguei.
Relembro o início da minha vida como estudante e da satisfação em estar
conquistando mais um sonho na minha vida, que quase estava sendo deixado de
lado.
Mas não deixo de citar uma pessoa muito importante na realização desta
conquista. Uma pessoa que sempre me ajuda muito que preciso, meu namorado
Wagner, hoje meu marido. Graças ao incentivo dele, da sua insistência, da sua
compreensão durante todos estes anos, estou na reta final da realização de mais
um dos nossos sonhos, e espero que este seja apenas um alicerce que sustente os
próximos sonhos que pretendemos realizar juntos. (Keli
Cristina Till)
Texto 03.
[...] Em Santos, onde morávamos, minha mãe me lia histórias, meu pai
gostava de declamar poesias. Foi em um momento da escola - 6ª série hoje – que
li do começo ao fim um romance: Inocência, de Taunay. Essa é minha
mais remota lembrança de leitura de um romance brasileiro. Lia o livro aberto
nos joelhos, afundada numa poltrona velha e gorda, num quartinho com máquina de
costura, estante cheia de livros e quinquilharias e vez ou outra atrapalhada
por uma gata branca chamada Minnie.
Até então leitura era coisa doméstica. Tinha a ver apenas comigo mesma,
com os livros que havia na estante de meu pai e com os volumes que avós, tias e
madrinhas me davam de presente. No cardápio destas leituras, Monteiro Lobato
com seu sítio do pica-pau amarelo, as aventuras de Tarzan, gibis e mais gibis.
Mas um dia a escola entrou na história.
Dona Célia, nossa professora de português, mandou a gente ler um livro
chamado Inocência. Disse que era um romance. Na classe tinha uma
menina chamada Maria Inocência. Loira desbotada, rica e chata. Muito chata.
Alguma coisa em minha cabeça dizia que um livro com nome de colega chata não
podia ser coisa boa.
Foi por isso que com a maior má vontade do mundo é que comecei a leitura
do romance. O livro começou bem chatinho, mas depois acabei me interessando por
ele. Não o incluo entre os melhores livros que li, mas foi ele quem me ensinou
a ler romances e a gostar deles, desconfiando primeiro, abrindo trilhas depois
e, finalmente, me entregando à história.
Depois vieram outros, em casa e na escola. Com o tempo virei uma
profissional da leitura, dando aula de literatura em colégios, cursinhos e
faculdades.
Assim, livros e leituras foram ocupando espaços cada vez maiores. Na
minha casa e na minha vida. A estante do quartinho dos fundos ampliou-se. Falar
de livros virou profissão e muitos outros romances brasileiros continuaram a
construção da leitora que sou hoje. (Marisa Lajolo)
Texto 04.
“Noite escura, sem céu nem estrelas. Uma noite de ardentia. Estava
tremendo. O que seria desta vez? A resposta veio do fundo. Uma enorme baleia,
com o corpo todo iluminado, passava exatamente sob o barco, quase tocando-lhe o
fundo. Podia ser sua descomunal cauda, de envergadura talvez igual ao
comprimento do meu barco, passando por baixo, de um lado, enquanto do outro,
seguiam o corpo e a cabeça. Com o seu movimento verde fosforescente iluminando
a noite, nem me tocou, e iluminada seguiu em frente. Com as mãos agarradas na
borda, estava completamente paralisado por tão impressionante espetáculo— belo
e assustador ao mesmo tempo. Acompanhava com os olhos e a respiração seu
caminho sob a superfície. Manobrou e voltou-se de novo, e, mesmo maravilhado
com o que via, não tive a menor dúvida: voei para dentro, fechei a porta e
todos os respiros, e fiquei aguardando, deitado, com as mãos no teto, pronto
para o golpe. Suavemente tocou o leme e passou a empurrar o barco, que ficou
atravessado a sua frente. Eu procurava imaginar o que ela queria.” (Amir
Klink)
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Posso te ajudar:
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(34)991492401
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Fátima Oliveira