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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A situação política e social do mundo e do Brasil leva o autor a compor a sua obra onde ele retrata os problemas sociais da região do Vale do Paraíba. Ele cria o personagem Jeca Tatu para desmitificar um tipo brasileiro idealizado pelo Romantismo. Com o tempo o escritor percebe a injustiça, porém o rótulo já estava sedimentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Emília et al. Novas palavras: volume único : livro do professor / - 2.ed – São Paulo : FTD, 2003. CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa. Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – volume único – 3.ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. CAMPOS, Flávio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita de história: volume único – 1. Ed. – São Paulo: Escala Educacional, 2005. Disponível em:. Acesso em : 08 de setembro de 2012. Disponível tem: Acesso em: 08 de setembro de 2012
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ANÁLISE DO CONTO URUPÊS DE
MONTEIRO LOBATO
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende fazer uma análise do conto
"Urupês", do livro do mesmo nome, do escritor Monteiro Lobato.
Sintetiza, sobremaneira, o conteúdo do livro e dá ênfase ao contexto histórico
e às razões pelas quais foi criado. Apresenta, por fim a mudança de opinião do
próprio autor sobre a sua obra.
O BRASIL DE
MONTEIRO LOBATO
Diante das transformações que aconteciam no mundo e dos graves e
complexos problemas políticos e sociais existentes no Brasil, surge o
Pré-Modernismo. O Pré-Modernismo não pode ser considerado como uma escola
literária devido ao fato de que não há grupos de escritores seguindo a mesma
linha temática ou traços literários. Na verdade, é um período de transição
entre as três escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com aquelas
escolas. São considerados pré modernistas alguns escritores cujas obras destoam
de nossa produção literária do início de século. Esta refletia uma mentalidade
artística ainda ligada ao século XIX, na qual os ecos do Realismo-Naturalismo
na prosa e do Parnasianismo-Simbolismo na poesia não contribuíam para criações
significativas. Em vez disso, tínhamos uma literatura superficial, servilmente
submissa a modelos europeus já superados, alienados das questões nacionais.
(AMARAL, Emília et al. 2003, 214) A Europa vivia os preparativos para a
primeira grande guerra enquanto no Brasil dominava a política conhecida como
“café com leite”, onde os grandes fazendeiros, ou latifundiários dominavam o
cenário nacional. No Nordeste eram grandes as agitações sociais com a Revolta
de Canudos descrita por Euclides da Cunha em “Os Sertões, e no Rio de Janeiro a
Revolta da Vacina liderada por Osvaldo Cruz e a Revolta da Chibata liderada por
João Cândido. Esses e vários outros conflitos marcaram o início do século e
colocaram em crise a República Velha. E assim, os escritores da época,
inconformados com a situação do país, denunciam, através de suas obras, os
problemas sociais em decorrência do descaso das autoridades governamentais
vigentes. A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do
Romantismo. O Brasil de ficção, com seus aspectos positivos da civilização
urbana e belezas da Região Sul é substituído pelo Brasil real, com o sertão
nordestino, o caboclo do interior e a realidade dos subúrbios. Monteiro Lobato
apresenta a obra Urupês que retrata os problemas sociais do interior paulista,
na região do Vale do Paraíba, por meio da caricatura do caboclo sendo essa a
temática central. Lobato faz uma literatura de advertência, sob a ótica da
caricatura, denunciando a miséria campesina e buscando uma sociedade moderna.
Ele expõe a realidade do homem do campo, com a sua miséria, sem o idealismo do
Romantismo. (CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa, 2002, 196). O
tempo pode ser considerado como sendo as duas primeiras décadas do século XX,
sendo esse o tempo do autor. Há uma cronologia quando o autor lembra Tomé de
Sousa e o carregamento de 400 degredados e uns tantos Jesuítas, o Grito de Dom
Pedro I, o Decreto da Princesa Isabel, à 13 de Maio e a Proclamação da
República em 15 de Novembro porém, esse tempo é psicológico. O espaço é o
interior de São Paulo, sendo a cidade de Itaoca mencionada no texto. O conto é
escrito na terceira pessoa. A linguagem é coloquial e direta, alguns termos
mais rebuscados ou refinados requerem uma consulta ao dicionário. Não se pode
dizer ou afirmar que o vocabulário é regional ou se próprio da época. Algumas
passagens exigem um conhecimento histórico e literário mais apurado. O autor
usa a metonímia, por exemplo em “ E que feias se hão de entrever as caipirinhas
cor de jambo de Fagundes Varela! E que chambões e sôrnas os Perís de calça,
camisa e faca à cinta!” “Compendia-os um Chernoviz não escrito”. “Quando em
princípios da Presidência Hermes andou na balha um recenseamento a Offenbach
[...].” O conto Urupês que dá nome ao livro de Lobato, é do gênero descritivo e
narrativo e faz uma crítica a dois tipos brasileiros – o índio e o caboclo
idealizados pelo Romantismo. Logo no início ao mencionar o personagem Peri, de
Alencar, que o idealizou como protótipo da perfeição humana, o autor o
contrapõe com o selvagem real, feio e brutesco, incapaz, moralmente, de amar
Ceci, segundo os sertanistas modernos. Mesmo assim, foi grande a exploração do
tema por diversos autores, até o “público bocejar de farto”. Para o autor, no
entanto, o indianismo não morreu. Evoluiu ao se transformar em caboclismo,
permanecendo com o mesmo estofo. Ele ironiza ao afirmar que o caboclo é motivo
de orgulho para a nação e expõe os motivos que o levam a pensar dessa forma
enfatizando a vida cotidiana do caboclo: seus costumes, suas crenças e
tradições. Lobato mostra Jeca Tatu como um indolente, passivo diante de todas
as situações e adepto da lei do menor esforço. Põe-se de cócoras e permanece
alheio a qualquer acontecimento capaz de mudar-lhe a vida. Sempre a repetir,
modorramente, “que não paga a pena”. “O fato mais importante de sua vida é
votar no governo” vota sem saber em quem nem porque, mas vota. Alienado,
desconhece o sentimento de pátria e não tem sequer a noção do país em que vive.
Jeca tira da natureza o que precisa para sobreviver. Alimentos e matéria-prima
para a confecção de alguns utensílios que leva para a feira. Cultivado, só
mesmo a mandioca que basta jogar um pedaço de rama na cova, sem mais cuidados.
A cana, que adoça, basta torcer a pulso sobre a caneca do café. A tapera, onde
mora, faz gargalhar o joão-de-barro de tão mal feita. A cama é uma esteira, não
há mobília ou baús. A roupa, guarda-a no corpo, pois, só tem duas mudas. Como
luxo, um banquinho de três pernas, suficiente para o equilíbrio. Com quatro
pernas o obrigaria a nivelar o chão. Extremamente preguiçoso, não cuida da
própria morada e acredita que como seus pais viveram assim não há necessidade
de mudanças. No aspecto religioso, a manifestação se dá por meio das mais
primitivas formas de superstição e magia. “A ideia de Deus e dos Santos
torna-se Geocêntrica. São os graúdos lá de cima , os coronéis celestes,
debruçados no azul a espreitar lhe a vidinha e intervir nela...”. “Daí o
fatalismo. Se tudo movem os cordéis lá de cima, para que lutar, reagir? Deus
quis.” A medicina anda de parelha com as mais absurdas crendices. A arte não se
manifesta. “O caboclo é soturno”. No último parágrafo, em que Lobato faz uma
exaltação da natureza brasileira em que tudo canta e dança, ele apresenta o
Jeca Tatu como o único ser vivente que modorra silencioso no recesso das
grotas. No meio de tudo, só ele não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio de
tanta vida, não vive.
Obs.: de acordo com as
pesquisas realizadas para a elaboração desse trabalho, foi apurado que depois
de ler um documento de sanitaristas Lobato muda de opinião a respeito do que
afirmara em seu livro. Depois de algum tempo conscientiza-se que o caboclo fica
de cócoras não por indolência, mas por fraqueza motivada pela verminose. Tal
imagem denotava debilidade na saúde básica, além da dificuldade de acesso ao
estudo e à cultura. O escritor arrependeu-se e admitiu ter sido injusto. O
matuto do interior não era preguiçoso geneticamente, porém se encontrava assim
devido às doenças epidêmicas, do Brasil, das primeiras décadas do século XX.
Entretanto, o rótulo do caboclo já estava sedimentado pela propagação de suas
ideias e esse mesmo caboclo já havia assumido essa identidade, que era falsa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A situação política e social do mundo e do Brasil leva o autor a compor a sua obra onde ele retrata os problemas sociais da região do Vale do Paraíba. Ele cria o personagem Jeca Tatu para desmitificar um tipo brasileiro idealizado pelo Romantismo. Com o tempo o escritor percebe a injustiça, porém o rótulo já estava sedimentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Emília et al. Novas palavras: volume único : livro do professor / - 2.ed – São Paulo : FTD, 2003. CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa. Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – volume único – 3.ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. CAMPOS, Flávio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita de história: volume único – 1. Ed. – São Paulo: Escala Educacional, 2005. Disponível em:. Acesso em : 08 de setembro de 2012. Disponível tem: Acesso em: 08 de setembro de 2012
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