terça-feira, 6 de março de 2018

Exemplo de [Editorial] com exercícios





Editorial

O valor da vida



A mistanásia é um termo pouco utilizado nas conversas do dia a dia, mas, que, infelizmente, não está tão distante de nossa realidade. A imprensa registra, sem filtros, o drama de milhares de pacientes e profissionais nos postos de saúde, hospitais e prontos-socorros e traduz a dura proximidade com a expressão.

O significado de mistanásia remete à omissão de socorro, à negligência. Ela representa a morte miserável, antes da hora. É conhecida como a eutanásia social. No Brasil, seu flagelo atinge, sobretudo, os mais carentes, que dependem exclusivamente do Estado quando o corpo padece. Um exemplo do que a mistanásia pode causar apareceu em série de reportagens exibida pelo Jornal Nacional (Rede Globo), em janeiro, que dissecou o drama dos pacientes com câncer no país.

 A falta de tudo torna a larga espera pelo atendimento um duro calvário e, em meio ao desespero, centros de excelência, como o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, minguam a céu aberto.

A falência do sistema público de saúde não é só um fenômeno administrativo ou contábil. Quem dera o fosse. Assim, seria mais fácil suportá-la, pois contas se arrumam. A questão é que o desequilíbrio causado por uma gestão feita de pessoas perdidas em meio ao tiroteio entrou em nossas casas pela porta da frente.

 A situação grave, contornada com paliativos, ceifa vidas, inclusive de crianças e jovens, impedidos de receber aquilo que a Constituição lhes garante como direito cidadão: o acesso universal, integral, gratuito e com equidade a serviços de saúde de qualidade.

Nesta edição do jornal Medicina, apresentamos números do valor da vida e da saúde de cada brasileiro para o setor público. A média nacional não supera os R$ 4,00 ao dia, ou seja, quase nada se comparado a outros países com modelos assistenciais semelhantes.

 Essa conta acentua a tragédia da morte anunciada em corredores e filas de espera e suscita um questionamento importante, pois os dados evidenciam que, apesar do pouco destinado, é o mau uso dos recursos que estão disponíveis que aprofunda a crise.

O Brasil está diante de um dilema. É hora de rever caminhos, adotar novas posturas, corrigir falhas para não sentenciar a população à doença e tirar do estado de coma em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores políticas sociais do mundo e balizador de todo modelo de atenção no País.

Jornal Medicina Publicação oficial do Conselho Federal de Medicina. Janeiro 2016.


Questões

1. Por se tratar de editorial, o texto

a) se exime de assumir posição a respeito da crise da saúde no Brasil e apresenta narração de episódios graves atinentes à população menos favorecida.

b) manifesta opinião do jornal sobre a crise na saúde e defende ponto de vista para corrigir problemas que a afetam, especialmente em relação aos mais carentes.

c) apresenta postura do jornal em relação à mistanásia e considera irrelevante o amplo e irrestrito acesso a serviços de saúde de qualidade.

D) registra ideias dos médicos de um modo geral sobre a saúde em âmbito nacional e se atém a lamentar os casos veiculados na Rede Globo.

2. “Quem dera o fosse.” Os verbos empregados nessa frase do quarto parágrafo (verbo dar no pretérito mais-que-perfeito do indicativo e verbo ir no pretérito imperfeito do subjuntivo) contribuem para construir o sentido de que


a) o fenômeno administrativo e contábil gerado pelo desequilíbrio da gestão do sistema público de saúde levou o país à falência.

 b) o problema com a saúde nacional se circunscreve a questões de natureza administrativa ou contábil.

c) a situação em que se encontra o sistema público de saúde não se restringe a questões de natureza administrativa ou contábil.

d) a falência do sistema público de saúde brasileiro se resolve pela gestão equilibrada das contas.

3. Indique o referente textual a que o pronome destacado faz remissão [5.º parágrafo]: “A situação grave, contornada com paliativos, ceifa vidas, inclusive de crianças e jovens, impedidos de receber aquilo que a Constituição lhes garante como direito cidadão: o acesso universal, integral, gratuito e com equidade a serviços de saúde de qualidade.”

a) Jovens.

b) Crianças e jovens.

c) Crianças.

d) Paliativos e vidas.


4. De acordo com a ordem em que aparecem, os elementos conectores destacados ao longo do editorial estabelecem relações de sentido de

a) destaque, inclusão e reafirmação.

b) exceção, essencialidade e contraste.

c) inclusão, contraste e oposição.

d) destaque, inclusão e adversidade.


5. “[...] estado de coma em que se encontra o Sistema Único de Saúde [...]” Nesse trecho do último parágrafo, a metáfora médica foi empregada para significar que o SUS

a) está muito mal.

b) é o único responsável pelos problemas com a saúde no Brasil.

c) não tem solução.

d) está se recuperando


Respostas

1.                   O editorial trata, de forma crítica, da falência do sistema público da saúde brasileira, exigindo providências que solucionem a grave crise. Resposta: B

2.                   O editorial deixa evidente que a crise no sistema de saúde vai além de questões de ordem administrativa ou contábil, daí o lamento do autor na frase: “Quem dera o fosse”. Para ele, trata-se de algo mais amplo que diz respeito a um contexto caótico do próprio país que afeta o sistema de saúde pública. Resposta: C

3.                   O pronome “lhes” retoma os termos “crianças e jovens”, que, segundo o texto, são alijados do serviço de saúde pública de qualidade. Resposta: B

4.                   O conectivo “sobretudo” evidencia que a crise na saúde atinge principalmente os cidadãos brasileiros mais carentes. O conectivo “inclusive” engloba “crianças e jovens” no grupo dos pacientes fatais. A locução concessiva “apesar de” marca adversidade: embora haja pouco recurso destinado, é o uso indevido dos recursos que estão disponíveis que aprofunda a crise. Resposta: D

5.                   A metáfora “estado de coma” sugere o péssimo estado da saúde pública, ainda que reversível, caso sejam adotadas novas atitudes por parte dos gestores. Resposta: A



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