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Dilma sanciona cotas de
50% para universidades
A presidente Dilma
Rousseff sancionou ontem a lei que reserva metade das vagas nas universidades
federais e nas escolas técnicas do país para alunos que cursaram o ensino médio
na rede pública.
O projeto tramitava havia
13 anos no Congresso, mas, por ser polêmico, foi aprovado depois que o governo
mobilizou aliados.
Pelo texto, as cotas para
as escolas públicas devem ser prioritariamente ocupadas por negros, pardos e
índios, de acordo com a proporção dessas raças em cada Estado.
Além disso, metade das
vagas reservadas deve ser destinada a alunos com renda familiar de até R$ 933
por pessoa.
A presidente vetou apenas
o artigo que determinava que o ingresso por meio de cotas deveria ocorrer pelas
notas no ensino médio, sem vestibular.
As universidades terão até
2016 para se adaptar
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/63603-dilma-sanciona-cotas-de-50-para-universidades.shtml
As
cotas sócio-raciais nas universidades públicas federais e escolas técnicas
federais é uma polêmica que vem sendo debatida no país há algum tempo. Como
você se posiciona sobre isso? Quais serão os impactos na sociedade? Escreva uma
dissertação-argumentativa sobre o tema.
TEXTO 1
As cotas aprovadas
pela presidenta Dilma Roussef não são boas porque representam uma forma de
racismo. Os negros não são incompetentes como o governo parece crer. Se
quiserem, podem entrar na universidade com sua força de vontade.
Mas o governo prefere
criar medidas populistas para não ter que investir em educação, já que não vem
investindo nada há muito tempo. Por isso, as escolas públicas não conseguem
formar pessoas para entrar na universidade, que só é frequentada por pessoas da
escola particular.
Além disso, as cotas vão acabar com
a qualidade das universidades, já que alunos de escolas públicas não conseguem
acompanhar o rendimento dos alunos da escola particular. Essa deficiência
aumentará ainda mais com as cotas, o que pode resultar numa geração de
profissionais desqualificados num futuro próximo.
Da mesma forma, as cotas acabam com
o princípio da meritocracia e da isonomia para se entrar na universidade, já
que o vestibular é uma espécie de concurso público.
Assim, as cotas são mais uma forma
de deixar a educação pior e manipular o povo, já que um povo sem educação é um
povo apolítico, que não muda o país.
TEXTO 2
Entre cotas e
“castas”
Após aprovação pelo
Senado Federal, a Lei de Cotas, que reserva 50% de vagas das universidades
públicas federais para estudantes oriundos de instituições públicas de ensino,
foi sancionada pela presidenta Dilma Roussef. Embora seja racionalmente
defendida por personalidades como o senador Cristóvam Buarque como uma forma de
diminuir disparidades sociais e aumentar a democracia sócio-racial não só na
universidade como também no mercado de trabalho e em toda a estrutura da
sociedade, a citada lei não é a melhor forma de corrigir distorções na
sociedade brasileira, porque cria outras.
Primeiramente, a Lei de Cotas imputa
a jovens de classe média ou ricos estudantes de escolas privadas a pena por uma
culpa que não é deles. Pagar a dívida com os historicamente excluídos não
deveria ser uma obrigação de quem também luta contra exclusões variadas. Uma
delas, aliás, a de fazer pré-vestibular para entrar na universidade ou não ser
incluído no rol daqueles que têm o contato desejado com o pai e a mãe. Estes
ausentes dada a carga de trabalho para manter, dentre outras “regalias de
elite”, a mensalidade de valor nada módico da escola do filho.
Da mesma forma, as
cotas desrespeitam o princípio da meritocracia, um dos pilares de uma sociedade
democrática. Ainda que se defenda que o princípio do mérito já não seja
respeitado, dado o fato de alunos de escolas públicas não terem as mesmas
condições de ensino dos alunos de escolas privadas de qualidade comprovada, não
se deve corrigir uma distorção com outra. Criar isonomia não é uma
responsabilidade de quem também está sendo julgado. Se o vestibular não é uma
prova capacitada para julgar capacidade de aprender novos conteúdos, mas
simplesmente aquilo que já foi aprendido, isso não é responsabilidade do
estudante de escolas particulares.
Outra disparidade
possível com a Lei de Cotas é a perda de qualidade do ensino superior.
Contrariando uma visão distorcida da realidade e pautada em mitos e falta de
informação, não se acredita que as cotas acabarão com a universidade. O cotista
não é um indivíduo despreparado, mesmo porque as cotas não têm relação alguma
com falta de inteligência, de capacidade ou de vontade, mas sim com a
deficiência de conteúdos no ensino médio público. Contudo, conteúdos aprendidos
são sim importantes em alguma medida para aprender novos, a título de
conhecimento-prévio. Assim, dificilmente instituições como a UFG manterão toda a sua qualidade com 50%
de cotas. A despeito de uma pesquisa recente da própria universidade ter
mostrado que o rendimento de cotistas e não cotistas ser praticamente o mesmo
nos primeiros anos de faculdade, dificilmente isso continuará ocorrendo com o
aumento de 20% para 50% de cotas no vestibular, o que pode provocar prejuízos
futuramente ao mercado de trabalho e à qualidade de determinados serviços no
país.
Ações afirmativas
são, como o próprio nome diz, positivas para a sociedade. Incluir os menos
favorecidos, diminuindo uma dívida histórica que o país tem com aqueles que
sempre viveram à margem, é criar justiça social, de modo que todos ganhem. Se a
política é a ciência do bem-estar da comunidade, contudo, não se deve
prejudicar a um determinado grupo, ainda que seja para diminuir prejuízos a
alguém. Não se pode corrigir uma injustiça promovendo outra. Assim, a Lei de
Cotas, que quer corrigir de modo contundente a exclusão estudantil, é
imediatista e incoerente. Ações como o Prouni, o Fies e o crescente
investimento em educação fundamental e média, que elevou a qualidade da
primeira fase em boa parte do país nos últimos anos, segundo dados do IDEB
(Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), são ações muito mais pródigas,
embora mais lentas (talvez nem tanto para um povo que já esperou 500 anos para
ser uma nação). Não defender as cotas não é ser passivo diante da existência de
possíveis castas de favorecidos no país; é lutar contra a forçosa criação de
castas institucionalmente legalizadas.
1.
A
introdução não apresenta bem o tema e a tese. Explique:
a)
Como
a apresentação do tema poderia ser mais clara.
Em vez de
se referir a cotas de modo vago, o autor deveria deixar mais claro que se
refere ao projeto de lei aprovado pelo Senado e posteiormente sancionado pela
presidenta da república, que determina 50% de cotas sócio-raciais em
vestibulares de universidades públicas federais.
b)
Por
que a apresentação da tese é incoerente e preconceituosa.
A despeito
de se referir às cotas como preconceituosas, a tese do texto é ironicamente
envolta de preconceito, ao se referir à tese de suposta incapacidade de negros,
ao passo que os defensores das cotas não acreditam nisso.
2. O texto 1 faz uma análise simplista e
utilizando algumas inverdades. Assim, seu grau de informatividade é pequeno e
recorre a incoerências. Como isso se dá no segundo parágrafo? Compare-o ao
texto 2 para responder mais facilmente à questão.
O segundo parágrafo do texto 1 parece confundir criticidade com
incoerência. No afã de criticar, comete falhas, é reducionista e mal informado.
Primeiramente, porque, a despeito de os problemas superarem os dados positivos,
houve avanços no campo da educação nos últimos anos, diferentemente da ausência
de investimentos citada no texto. Além disso, o autor afirma que a universidade
só é frequentada por alunos oriundos da escola privada, inverdade resultante da
confusão de que a universidade é constituída apenas de cursos elitizados.
3. O terceiro
parágrafo do texto I continua recorrendo a inverdades, resultado de análise
superficial do tema. Explique.
Pesquisas
recentes, como a da UFG, comprovam que o rendimento dos alunos oriundos de escolas
públicas na universidade é empatado tecnicamente com os de escola privada,
mesmo em cursos elitizados.
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