segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL- Mais uma vez as cotas...


 

Leia a notícia:

Dilma sanciona cotas de 50% para universidades

A presidente Dilma Rousseff sancionou ontem a lei que reserva metade das vagas nas universidades federais e nas escolas técnicas do país para alunos que cursaram o ensino médio na rede pública.

O projeto tramitava havia 13 anos no Congresso, mas, por ser polêmico, foi aprovado depois que o governo mobilizou aliados.

Pelo texto, as cotas para as escolas públicas devem ser prioritariamente ocupadas por negros, pardos e índios, de acordo com a proporção dessas raças em cada Estado.

Além disso, metade das vagas reservadas deve ser destinada a alunos com renda familiar de até R$ 933 por pessoa.

A presidente vetou apenas o artigo que determinava que o ingresso por meio de cotas deveria ocorrer pelas notas no ensino médio, sem vestibular.

As universidades terão até 2016 para se adaptar


 

As cotas sócio-raciais nas universidades públicas federais e escolas técnicas federais é uma polêmica que vem sendo debatida no país há algum tempo. Como você se posiciona sobre isso? Quais serão os impactos na sociedade? Escreva uma dissertação-argumentativa sobre o tema.

 

TEXTO 1

 

As cotas aprovadas pela presidenta Dilma Roussef não são boas porque representam uma forma de racismo. Os negros não são incompetentes como o governo parece crer. Se quiserem, podem entrar na universidade com sua força de vontade.

Mas o governo prefere criar medidas populistas para não ter que investir em educação, já que não vem investindo nada há muito tempo. Por isso, as escolas públicas não conseguem formar pessoas para entrar na universidade, que só é frequentada por pessoas da escola particular.

            Além disso, as cotas vão acabar com a qualidade das universidades, já que alunos de escolas públicas não conseguem acompanhar o rendimento dos alunos da escola particular. Essa deficiência aumentará ainda mais com as cotas, o que pode resultar numa geração de profissionais desqualificados num futuro próximo.

            Da mesma forma, as cotas acabam com o princípio da meritocracia e da isonomia para se entrar na universidade, já que o vestibular é uma espécie de concurso público.

            Assim, as cotas são mais uma forma de deixar a educação pior e manipular o povo, já que um povo sem educação é um povo apolítico, que não muda o país.

 

TEXTO 2

 

Entre cotas e “castas”

Após aprovação pelo Senado Federal, a Lei de Cotas, que reserva 50% de vagas das universidades públicas federais para estudantes oriundos de instituições públicas de ensino, foi sancionada pela presidenta Dilma Roussef. Embora seja racionalmente defendida por personalidades como o senador Cristóvam Buarque como uma forma de diminuir disparidades sociais e aumentar a democracia sócio-racial não só na universidade como também no mercado de trabalho e em toda a estrutura da sociedade, a citada lei não é a melhor forma de corrigir distorções na sociedade brasileira, porque cria outras.

            Primeiramente, a Lei de Cotas imputa a jovens de classe média ou ricos estudantes de escolas privadas a pena por uma culpa que não é deles. Pagar a dívida com os historicamente excluídos não deveria ser uma obrigação de quem também luta contra exclusões variadas. Uma delas, aliás, a de fazer pré-vestibular para entrar na universidade ou não ser incluído no rol daqueles que têm o contato desejado com o pai e a mãe. Estes ausentes dada a carga de trabalho para manter, dentre outras “regalias de elite”, a mensalidade de valor nada módico da escola do filho.

Da mesma forma, as cotas desrespeitam o princípio da meritocracia, um dos pilares de uma sociedade democrática. Ainda que se defenda que o princípio do mérito já não seja respeitado, dado o fato de alunos de escolas públicas não terem as mesmas condições de ensino dos alunos de escolas privadas de qualidade comprovada, não se deve corrigir uma distorção com outra. Criar isonomia não é uma responsabilidade de quem também está sendo julgado. Se o vestibular não é uma prova capacitada para julgar capacidade de aprender novos conteúdos, mas simplesmente aquilo que já foi aprendido, isso não é responsabilidade do estudante de escolas particulares.

Outra disparidade possível com a Lei de Cotas é a perda de qualidade do ensino superior. Contrariando uma visão distorcida da realidade e pautada em mitos e falta de informação, não se acredita que as cotas acabarão com a universidade. O cotista não é um indivíduo despreparado, mesmo porque as cotas não têm relação alguma com falta de inteligência, de capacidade ou de vontade, mas sim com a deficiência de conteúdos no ensino médio público. Contudo, conteúdos aprendidos são sim importantes em alguma medida para aprender novos, a título de conhecimento-prévio. Assim, dificilmente instituições como  a UFG manterão toda a sua qualidade com 50% de cotas. A despeito de uma pesquisa recente da própria universidade ter mostrado que o rendimento de cotistas e não cotistas ser praticamente o mesmo nos primeiros anos de faculdade, dificilmente isso continuará ocorrendo com o aumento de 20% para 50% de cotas no vestibular, o que pode provocar prejuízos futuramente ao mercado de trabalho e à qualidade de determinados serviços no país.

Ações afirmativas são, como o próprio nome diz, positivas para a sociedade. Incluir os menos favorecidos, diminuindo uma dívida histórica que o país tem com aqueles que sempre viveram à margem, é criar justiça social, de modo que todos ganhem. Se a política é a ciência do bem-estar da comunidade, contudo, não se deve prejudicar a um determinado grupo, ainda que seja para diminuir prejuízos a alguém. Não se pode corrigir uma injustiça promovendo outra. Assim, a Lei de Cotas, que quer corrigir de modo contundente a exclusão estudantil, é imediatista e incoerente. Ações como o Prouni, o Fies e o crescente investimento em educação fundamental e média, que elevou a qualidade da primeira fase em boa parte do país nos últimos anos, segundo dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), são ações muito mais pródigas, embora mais lentas (talvez nem tanto para um povo que já esperou 500 anos para ser uma nação). Não defender as cotas não é ser passivo diante da existência de possíveis castas de favorecidos no país; é lutar contra a forçosa criação de castas institucionalmente legalizadas.

 

1.            A introdução não apresenta bem o tema e a tese. Explique:

a)            Como a apresentação do tema poderia ser mais clara.

Em vez de se referir a cotas de modo vago, o autor deveria deixar mais claro que se refere ao projeto de lei aprovado pelo Senado e posteiormente sancionado pela presidenta da república, que determina 50% de cotas sócio-raciais em vestibulares de universidades públicas federais.

b)            Por que a apresentação da tese é incoerente e preconceituosa.

A despeito de se referir às cotas como preconceituosas, a tese do texto é ironicamente envolta de preconceito, ao se referir à tese de suposta incapacidade de negros, ao passo que os defensores das cotas não acreditam nisso.

 

2. O texto 1 faz uma análise simplista e utilizando algumas inverdades. Assim, seu grau de informatividade é pequeno e recorre a incoerências. Como isso se dá no segundo parágrafo? Compare-o ao texto 2 para responder mais facilmente à questão.

O segundo parágrafo do texto 1 parece confundir criticidade com incoerência. No afã de criticar, comete falhas, é reducionista e mal informado. Primeiramente, porque, a despeito de os problemas superarem os dados positivos, houve avanços no campo da educação nos últimos anos, diferentemente da ausência de investimentos citada no texto. Além disso, o autor afirma que a universidade só é frequentada por alunos oriundos da escola privada, inverdade resultante da confusão de que a universidade é constituída apenas de cursos elitizados.

 

3. O terceiro parágrafo do texto I continua recorrendo a inverdades, resultado de análise superficial do tema. Explique.

Pesquisas recentes, como a da UFG, comprovam que o rendimento dos alunos oriundos de escolas públicas na universidade é empatado tecnicamente com os de escola privada, mesmo em cursos elitizados.

 

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